Sem Medo
Ah, meu amado,
deita aqui no colo meu,
deixa que te alise a fronte
e afaste qualquer nuvem de dúvida.
Vem, querido,
olha nos meus olhos
e perde todo o medo,
pois que sempre fui tua
e tu também me reconheceste.
Acalma teu coração
e te entrega ao destino,
que fomos separados em outra dimensão,
e agora que nos reencontramos,
voltamos à unidade.
Caminha ao meu lado, amado,
que o inverno é um simples renovar da natureza
e nossos brotos já despontam nos galhos,
sedentos de primavera.
Vem florescer meu coração
e plantar tua semente em meu ventre.
Vem germinar em meus braços,
que meus abraços andavam ocos sem teu amor.
Afasta o susto que te amedronta,
pois que o amor não tem defesas à indiferença,
e aí é que mais machuca e corrói.
Não, o amor é vida, é poesia,
é encontro e é tanta entrega,
que mais brota sorriso
no peito que o esperou.
Então me beija e me possue inteira,
me toma, me leva, me soma,
mas não recua, segue meus passos
[que já percorreste]
e busca em meu gozo tuas respostas,
cujas perguntas sempre tiveram meu nome.
Grita bem alto o teu desejo de morte,
a morte doce e anestesiada
do único prazer que te dou,
de ser meu dono e escravo,
de ser meu bruxo enfeitiçado,
de ser meu amor, meu amado,
o último ponto de equilíbrio
na existência de nós dois.
Lílian Maial |