Alguns estudiosos usam “certame” como sinônimo de eleição. Para o Dicionário Prático da Língua Portuguesa Michaelis (Ed. Melhoramentos, 2005, p. 322), eleição é o “ato ou efeito de eleger”. Eleger: 1. Escolher, nomear por votação. 2. Escolher, preferir entre dois ou mais.
Para o mesmo dicionário (p. 210), Concurso: 1. Ato de concorrer. 2. Afluência de pessoas ao mesmo lugar. 3. Encontro. 5. prestação de provas ou apresentação de documentos ou títulos exigidos para admissão a um cargo público. 7. Ato de muitos concorrentes disputarem entre si um prêmio, um emprego; competição. 8. Certame.
Particularmente, gosto da palavra “concurso” como sinônimo de eleição. Nos concursos para cargos não eletivos o candidato faz as provas para ingressar na carreira. Uma vez aprovado, encara outras provas apenas para reciclagem e aperfeiçoamento, mas nada que o ameace perder o emprego.
Os políticos são funcionários públicos que fazem a prova somente no dia da eleição, certo? Errado! A eleição é apenas a primeira prova, a de mais pompa e repercussão, talvez a mais importante. A aprovação nas urnas garante o emprego apenas para um mandato de quatro ou oito anos. Nesse ínterim, todos os dias o político é testado. Cada eleitor que se aproxima dele é uma questão a ser resolvida. Na eleição seguinte, isto é, na reeleição, o político coloca seu nome e todo o seu trabalho para que os eleitores confirmem os pequenos testes que aplicaram ao longo do mandato. O dia da eleição é apenas mais uma prova. A prova final.
Para a primeira eleição o candidato trabalhou durante anos defendo uma causa, marcando terreno e deixando suas impressões junto aos eleitores. Uma vez eleito ele não descansará. O político tira férias só de Brasília, mas na sua cidade ele deve manter a disposição de receber e ouvir os eleitores. Não que eu queira comparar o político a uma grande empresa, mas ninguém acredita num supermercado que fechou as portas e deu férias para todo mundo. O supermercado tem concorrentes, o político, adversários. Tanto um quanto o outro não quer, nem pode perder sua clientela.
Assim como no final do ano só é aprovado o estudante que cumpriu todas as tarefas recomendadas pelos professores, o político também só é eleito se tiver atendido as exigências dos eleitores. São comuns estudantes gostarem e entenderem certa matéria e ainda serem reprovados porque não cumpriram algumas exigências dos professores. Não é diferente com o político. Ele será reprovado nas urnas se não entender as exigências dos eleitores.