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Artigos-->QUEM MATOU O LEITOR - Texto em conjunto com Teresinka Pereir -- 20/04/2007 - 17:48 (Francisco Miguel de Moura) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
QUEM MATOU O LEITOR?



Teresinka Pereira e Francisco Miguel de Moura*



Ninguém será autor sozinho de um mesmo texto. Hoje, enriqueço-me quando faço algum com Teresinka Pereira, estimada sábia/poetisa, conhecida no mundo inteiro. Nosso mundo é leitura, poesia, literatura, temas universais e atemporais. Nosso bate-papo literário nem se compara ao que fazem hoje nos “sítios” da internet. Em artigo do mesmo nome, Teresinka Pereira diz ter recebido imeile (abrasileirei) de uma pessoa de quem ela tanto gosta, com este conceito sobre a leitura virtual: “A internet provoca obesidade mental, tamanha a gordura que contém.” E nossa Teresinka prossegue, um pouco mais abaixo: “Depois gostei tanto desta mensagem malcriada que decidi usá-la também, mas sem denunciar a fonte. Tenho eu também recebido muita coisa “gordurosa” pela internet. E o tempo se vai só com o abrir a barriga dos “emílios” (forma picaresca aportuguesada dos e-mails).” E lamenta em seguida o precioso tempo que gasta em abrir e fechá-los, lendo os de algum poeta que quer sua opinião. Ora, para o escritor e a literatura todo tempo é precioso. Como desperdiçar tempo em “emílios” e bate-papos?

Também acho, minha amiga Teresinka Pereira. Se a gente pudesse todo o nosso tempo era pra ler (só o que é bom, clássicos e modernos) e escrever, experimentar, pensar, sentir, viver. Diga-me, leitor, como se pode escrever sem ler, ver cinema, sair à rua, aos mercados populares (melhores do que os shoppings), conversar com alguém? Não havia tempo pra mais nada. Televisão, internet também (salvo uma ou outra pesquisa rápida), jornais massudos cheios de propaganda, revistas de nu e moda – tudo é perda de tempo, senão mais do que isto. Com relação à leitura virtual, não sei se cheguei atrasado ou não, se por ser caboclo da roça até os vinte anos, não me agrada (assim como também as histórias em quadrinhos não me agradaram). Gasta mais a vista e a paciência, normalmente os imprimo e leio no papel, e, se me interessarem, guardo para releitura. Portanto, quem acabou com o leitor foram a literatura de massa (comprada em bancas), a televisão, e muitas outras formas. Mas também as guerras, fazendo misérias e miseráveis por onde passam, homenageando os grandes, que não sofreram sequer uma bala, levantando-lhes estátuas, e aos pobres apenas a “o túmulo do soldado desconhecido”; também a queda do nível educacional das escolas; as grandes empresas do ramo do livro, internacionais, que empreendem milhões de dólares para nos empurrarem seus best-sellers; enfim toda a mal-chamada “cultural indústria” com seu lixo traduzido, imitado, consumido. Em resumo, o leitor foi morrendo aos poucos. Na verdade, não há nenhum leitor morto. Quem aprendeu a gostar de ler em casa, enquanto pequeno, e na escola provando as boas leituras, vai continuar sendo leitor pela vida inteira. É bem verdade que o número de bons leitores decresceu, assim como é verdadeiro que a qualidade subiu. Leitura e literatura serão sempre objetos de classe e para as pessoas que sabem apreciar o texto clássico, a língua dos mestres e a língua do povo. Se o mundo enlargueceu de gente e ficou mais reduzida a renda de cada um, tinha que dar nisto mesmo. Fiquemos satisfeitos com os poucos e bons leitores. São uma bênção.

Tresinka Pereira desestimula a que persigamos esses leitores da internet, que, na verdade, não lerão trabalhos de mais de três linhas, passam logo ao bate-papo, lendo errado em sua língua e escrevendo mais errado ainda, somente pela emoção passageira de estar conversando “onlaine” com alguém; ou passam adiante só para ver figuras, retratos, vídeos. Esses leitores não valem a pena.

Ao mestre/escritor Ariano Suassuna foi perguntado, certa vez, sobre o que achava do computador e da internet, da leitura virtual, e ele respondeu:

– É moderno, interessante, mas eu não levo um computador para o bem-bom do balanço da rede, depois do almoço; prefiro um bom livro. Num instante, o engraçadinho perguntador calou. E, no futuro, outros vão calar como ele e voltar de orelha murcha para o tradicional papel. A leitura virtual é apenas umas das voltas que o mundo dá. Nada mais.

_________________________

*Teresinka Pereira e Francisco Miguel de Moura são escritores brasileiros, ela mora nos Estados Unidos e ele, em Teresina-Piauí, Brasil•.

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