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Artigos-->MANIFESTAÇÕES POÉTICA -ADN -- 19/04/2007 - 23:33 (Francisco Miguel de Moura) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
MANIFESTAÇÕES POÉTICAS -ADN



Francisco Miguel de Moura*



Salvo Oeiras e Parnaíba, o interior do nosso Estado tem pouca tradição literária. Não quer dizer que obras de escritores isolados não tenham sido perdidas para sempre nas malas ou comidas pelos cupins. Ou alguns manuscritos ainda estejam a salvo, esperando os pesquisadores. De Picos, entre os mais antigos, salva-se agora Alberto de Deus Nunes. “MANIFESTAÇÕES POÉTICAS” é o título de seu livro póstumo, publicado em 2006, pela viúva, D. Almerinda B. Moura Nunes, ambos picoenses. Ele nasceu 1913 e faleceu em 1969, em São Paulo, onde residia desde 1953. Com a fundação do Ginásio Estadual Picoense, no início da década de 1950, ainda morando em sua cidade, Alberto de Deus Nunes animava a moçada que tinha fundado o jornal “Flâmula” (1952), saudando-a em artigo onde se prontificava a colaborar, e afirmava: “De Miguel Lidiano a Vidal de Freitas tivemos uma estagnação educacional e moral sobremodo sensível na estrutura da nossa sociedade. Agora, abrem-se novos horizontes e é bem prometedora a mentalidade que surge.” Já o Pe. David Ângelo Leal faz uma apresentação moral e intelectual do homem Alberto de Deus Nunes, completada pelas palavras da viúva e promotora da edição do livro, D. Almerinda Moura Nunes, num gesto de gratidão e homenagem ao poeta. Sem ter estudo regular, preparou sua poeisa ao longo da vida, deixando-a inédita por falta de condição financeira. É que sustentava família numerosa, de dois casamentos, com um salário nada alentador, de funcionário publico. Suas “manifestações poéticas” têm o condão de mostrar que Picos tinha poeta antes de Lourenço Campos (dos anos 1950). Este último, sem dúvida, recebeu influência de Alberto Nunes, como acredita o poeta Ozildo Batista de Barros, sobrinho de D. Almerinda.

É evidentemente um poeta de muito peso, levando-se em conta a época em que viveu e o isolamento dos poucos intelectuais daquele tempo. Seu parente, Absolon de Deus Nunes, fundaria o jornal “A Ordem”, em 1950, mais voltado para a política partidária. Vivendo a solidão familiar, longe da terra, dos amigos, numa sociedade ainda bastante rural e com forte influência de Casimiro de Abreu e dos ultra-românticos brasileiros, fez uma poesia que se põe em pé, pela qualidade, pelo vigor, pela certeza de que perduraria. Fez sonetos admiráveis, tecnicamente sem defeito e de boa inspiração, como “Mais Bela”, que vem na segunda orelha da publicação. Transcrevâmo-lo para o gosto dos leitores:

“Tenho sonhado tendo em minhas mãos / As mãos macias de feliz beldade. / Meu sonho vai a todos os desvãos / Até tocá-la com suavidade... // E sempre com entretenimentos sãos / Me fico junto dela, sem maldade. / Até que, fatalmente, meus irmãos / Acordam-me, cruéis, sem caridade... // Às vezes acordado estou sonhando, / Absorto fico só pensando nela, /

Pelo formoso busto passeando... // Se um dia o mundo inteiro fosse vê-la / Entre as mais lindas misses desfilando, / Dar-lhe-ia, certo, o título de mais bela!”“

“Poderíamos ter citado “A Profissão de professor”, “Picos”, “14 Filhos”, “Crepúsculo”, “Teus olhos”, “A meretriz” e outros tantos, que têm a mesma força lírica, as filigranas da invenção que lhe brotava da mente, a tristeza e a saudade das boas coisas da vida, dos parentes, dos seus amigos, da paisagem da terra natal, dos tempos de criança, de tudo aquilo que faz bem aos olhos e ao coração do poeta. Mas, se a vontade de voltar nunca foi realizada, o sonho do livro, embora que muito depois, sua querida esposa (a segunda) teve a grandeza de editá-lo, para glória de Picos, do Piauí e da literatura.

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*Francisco Miguel de Moura, escritor brasileiro, mora em Teresina, e-mail: franciscomigueldemoura@superig.com.br



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