Usina de Letras
Usina de Letras
61 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62182 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10449)

Cronicas (22532)

Discursos (3238)

Ensaios - (10351)

Erótico (13567)

Frases (50584)

Humor (20028)

Infantil (5425)

Infanto Juvenil (4757)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140793)

Redação (3302)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1959)

Textos Religiosos/Sermões (6184)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Poesias-->A PARELHA HUMANA -- 16/07/2002 - 13:00 (Anibal Beça) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Anibal Beça



E assim se fez verbo

o dom da palavra

para repartir-se

porque ele era só.



Da vértebra curva

veio para ouvir

aquela que se houve

para ser ouvida

na aventura a dois:

chamada Mulher

a chamado do Homem.



*



Bem assim frente a frente

se inauguram os sons

aos olhos da surpresa.



Eis a trave despida

para as vestes da fala,

e a cegueira da boca

signos, tateando, cospe,

palpando seus rochedos

de alfabeto de pedra:



E viu para falar

ouviu para dizer

tanta beleza agora

se vai a solidão

na maciez da pele

na relva dos cabelos

na fenda diferente.



Ele a chamou mulher

e sentiu o seu cheiro

e porque era de espanto

foi deitar-se com ela

no verde da campina

descobrindo seus poros

com o tato da língua

numa conversa muda

mas cheia de arrepios

reinventando colinas

na planície da pele.



E a palavra de pedra

em pedra se afirmava

no palco dos rochedos

banhado pelas águas

esculpindo nas ondas

o sino das sereias

do mar de Adamastor

o mastro do primeiro

este anagrama ereto

encrespando banzeiros.



No lastro das carícias

pesa o rumor dos corpos

com seu barulho de água

no suor represado.



E a vida nesse instante

não era a mesma vida:

um tempero de febre

ardia na mudança.



E a mulher que era voz

ainda adormecida

balbuciou nomeando

esse homem fricativo:

- Amado meu amado.



Então ele se soube

de pedra amolecida

mas senhor da tarefa.



E olhou-a como nunca

olhara em sua volta:

a íris revelando

o seu contentamento

no semblante de calma

na viva descoberta

do fogo prometido.



E desde aquele dia

baniu a solidão

para o deserto da alma

o reservado limbo

do batismo da dor.



Havia agora como

repartir as centelhas

no revirar dos olhos.

A granulada areia

moldando-se em faísca

nas águas de klepsydra

nos pingentes de Thánatos.





Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui