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cronicas-->SUBLIME SOLIDÃO -- 24/02/2002 - 02:45 (Djalma Monteiro Pinto Filho) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

SUBLIME SOLIDÃO


"O amor é um mistério maravilhoso, é uma das poucas coisas no mundo que não se pode explicar, e que ninguém até hoje conseguiu."
(Soraya Mello)


Noite. Estou só em pleno Dia dos Namorados. Sublime Solidão! Nat King Cole, em harmonia com o céu, eterno em qualquer tempo, brinca com sua voz curta de encher de emoção a sala escura. Faz frio. Um frio como é o frio da Bahia: absolutamente suportável. A janela aberta, essa mesma janela que permaneceu fechada por tanto tempo - três longos anos -, escancara a minha privacidade, inconsciente talvez, quer exibir aos casais, aos bêbados, aos bichos de luz o quanto pode se estar feliz, mesmo em aparente solidão.
Para os homens comuns, sempre vestidos pela necessidade de viver em par, fica difícil suportar a ausência de uma companhia nesse dia. Para que uma companhia exatamente nesse dia? Para os homens carentes, sempre no afã de ter alguém ao lado, ao se verem sós, entram em depressão profunda. E recorrem ao álcool, às drogas e até ao suicídio. Para eles, pobres e ausentes de si mesmos, a necessidade de alguém presente, por mais frágil que seja esta presença, é fundamental. Nem que para isso seja preciso pagar uma companhia , anunciar nos classificados da Internet, consultar a velha agenda de telefones e, mesmo se assim nada vingar, vale até conversar com os cachorros de rua que sequer sabem o que é o Dia dos Namorados.
Queria falar de tudo neste instante: de como o dólar chegou no pico mais alto neste ano, dos setenta anos do João Gilberto, de como teremos que enfrentar o racionamento de energia, do filme "A Partilha" - baseado na peça do Miguel Falabella -, de como o futebol no Brasil está em baixa. Mas não! É inerente da condição humana falar de si mesmo. Por quê será que o homem tem memória emotiva?
Mesmo sem querer falar de mim, lembro-me que há exatos um ano tinha uma aliança na mão esquerda, que tomei um banho - daqueles caprichados -, enchi o tanque do carro e convidei minha esposa para jantar. Eu, um homem comum, com as carências mais primárias, me satisfiz em dar uma rosa vermelha
, a pagar o jantar e brindar com sexo o Dia dos Namorados. Que convencional! Para depois, dia seguinte, dar de cara com problemas escamoteados pelo dia dito dos casais. E onde andará o espírito de casal?... (Lembrei-me agora do tal "Espírito de Casal" numa analogia ao "Espírito de Natal". Que adiantará a mesa farta de frutas não tropicais, o vinho, a ceia, os presentes se dentro de cada um não morar a paz?...)
Hoje, nesta solidão da noite do Dia dos Namorados, não tenho pudor algum em dizer que eu estou aparentemente só! Se escancarei a janela - mesmo no frio suportável da Bahia - deve ter sido para mostrar aos curiosos que estou só e acompanhado. Será que os homens comuns entenderiam se eu dissesse que dentro de mim mora alguém?... Que não é necessário sair à rua ou discar um numero qualquer para me sentir acompanhado? Que o meu "eu" presente está em alguém nesse exato momento? E que é sublime se sentir assim: apaixonado!
Ouço latidos ao longe dos cães pela janela aberta. E, como se o mistério da solidão fosse desvendado, no meio das nuvens carregadas abre-se um brilho: é uma estrela!.

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