"TADINHO" DO POVO
Órfão de pai e mãe.
Náufrago num mar
De violência e injustiças.
Agarrando-se a qualquer coisa
Que lhe dê uma sensação,
Ainda que passageira,
De segurança e conforto espiritual,
Como a televisão, o futebol,
A religião, o cigarro,
A bebida, as drogas.
Sem ter a quem pedir socorro,
O povo se angustia,
Tentando manter-se à tona,
Nadando contra a correnteza
Que insiste em arrastá-lo
Para o abismo da miséria,
Da humilhação,
Da subserviência,
Da fome.
“Tadinho” do povo!
Só lhe resta tentar sobreviver,
Sem enlouquecer.
Esperando a mudança
Desse sistema injusto
Que o oprime e espolia
Os melhores anos da sua vida.
TORONTO
Recife, 26 de agosto de 1980.
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