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Artigos-->LEMBRAR-SE DE LOMBROSO (1835-1909) -- 15/04/2007 - 22:01 (Francisco Miguel de Moura) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
LEMBRAR-SE DE LOMBROSO



Francisco Miguel de Moura*



Várias vezes tentei explicar o que é a natureza humana. Estudioso de problemas conexos a este, Cesare Lombroso (1835-1909), médico e cientista italiano nascido em Verona e falecido em Turim, na Itália, não pode ser esquecido. Sua teoria do criminoso nato continua hoje desacreditada. Dirigindo um manicômio, em Pádua, de 1871 a 1876, centralizou suas pesquisas e observações científicas nos loucos e presidiários, trabalhos estes que foram sendo aperfeiçoados ao assumir a cadeira de professor de Medicina Legal na Universidade Turim. Daí que sua primeira obra publicada foi “O Homem Delinqüente”, de 1876. Encantado com o fenômeno da mediunidade e, sob o aspecto positivista, alinha seu campo de estudo especialmente para esse campo da personalidade desviada. Mesmo assim, suas obras abrangem áreas como a antropologia, sociologia, psicologia, filosofia e medicina. Dentre os escritores que foram influenciados por suas idéias encontram-se Émile Zola e Anatole France; e no Brasil, Tobias Barreto e Nina Rodrigues.

Há, atualmente, muito discurso politicamente correto e cientificamente falso, para que possamos contestar in limine a teoria do criminoso nato, assim conhecida popularmente, que tanto deu trabalho e dor de cabeça a Cesare Lombroso. Aliás, seu pensamento volta novamente à baila quando o mundo atravessa um período de tão intensa quanto pavorosa criminalidade. A natureza humana é dupla, a maior parte herdada, instintiva e animal. Uma parte menor, cuja percentagem está de vez em quando sendo quantificada irresponsavelmente, seria adquirida através de influência da comunidade, da escola e da família. Mas, com o afrouxamento da moral e da ética do pós-moderno (ou pós-tudo?), quando tudo é possível por dinheiro ou por nada, a vida humana se tornou uma mercadoria como outra qualquer. A ciência tem diminuído os problemas da loucura, graças à medicina, mas descuidou-se assustadoramente da criminalidade.

Talvez não seja de bom-tom falar-se hoje, com ênfase, de Lombroso e sua teoria. É como falar do comunismo/ socialismo de Marx e Lenine. Nem por isto os estudos podem ficar parados, e acredito mesmo que avançam, para alcançar o segredo do que faz uma criatura ser tão cruel e outra não. Os homens são complexos, cada um difere em essência e existência, como são concordes os filósofos, mas também são iguais por pertenceram à espécie humana. E é nessas diferenças que devem ser procuradas as extravagâncias comportamentais da personalidade, e não nas semelhanças. Nestas ficam os direitos humanos e os civis, construídos em milênios de civilização. “Atualmente é difícil aceitar-se a existência de uma personalidade tipicamente criminosa, composta por traços imutáveis e pré-definidos”, diz um artigo (v.“site” psiqweb.med.br), inspirado em trabalho de Celina Manita, Assistente da Faculdade de Psicologia e de Ciências de Educação, Universidade de Porto – Portugal. Mas nos seus comentários seguintes, ela nos faz crer que a defesa que se faz hoje é a da “existência de diferentes formas de organização e estruturação da personalidade, de diferentes maneiras de integrar os estímulos do meio e os processos psíquicos, e de diferenças individuais de relação com o mundo”. Vê-se que ela aceita as divergências de personalidade como enigma a ser desvendado, porque o modelo fixo para um fenômeno tão complexo projeta a perigosa perspectiva de que nenhum criminoso é recuperável. Mas é inaceitável que as personalidades desviantes continuem a interromper o ciclo normal da civilização, ao se fazerem passar por normais. Assim, os criminosos, somos nós, e não eles, que nos seqüestram, roubam e matam sem escrúpulos. Seria o caminho para o fim de gênero humano.

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*Francisco Miguel de Moura, escritor brasileiro, mora em Teresina, e-mail: franciscomigueldemoura@superig.com.br

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