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Artigos-->A DUPLA FACE HUMANA -- 12/04/2007 - 23:07 (Francisco Miguel de Moura) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A DUPLA FACE HUMANA



Francisco Miguel de Moura*



Hipócrates, o pai da medicina, na Grécia (460-377) a.C. com os quatro tipos de personalidade, baseado na prevalência de certas substâncias integrantes do corpo, os conhecidos humores sanguíneo, fleumático, bilioso (ou colérico) e melancólico, deu início aos estudos do que hoje chamamos de personalidade. Nos tempos modernos, foram pioneiros nesses estudos os filósofos John Locke e Rousseau, respectivamente da Inglaterra e da França, séculos XVII e XVIII; o primeiro afirmava que a criança nasce vazia, tudo daí por diante seria adquirido pela experiência; sua teoria foi, de certa forma, secundada por Jean Jacques Rousseau, que criou o conceito do “bom selvagem”, inspirado nos índios da recém descoberta América, pelo que o homem nasce bom por natureza, depois é que se educa ou se corrompe. Considera-se, entretanto, que o primeiro cientista moderno a estudar com seriedade a contradição natureza x aquisição social, no séc. XIX, foi o inglês Francis Galton. Com base em estudo de irmãos gêmeos, ele quis mostrar – foi o seu pecado maior – que a inteligência e o talento da elite da inglesa do seu tempo passariam de pai para filho, indefinidamente. Mas por todo o século XX vários estudiosos tentaram, em seus inúmeros escritos, passar a idéia de que todas as aquisições da personalidade humana são devidas ao ambiente, uma espécie de reação aos horrores do nazi-facismo da Alemanha de Hitler e da Itália de Mussolini, além do medo do preconceito e do racismo.

Com a descoberta do DNA em 1953, por James Watson e Francis Crick, e a divulgação do Projeto Genoma Humano, em 2000, parece que tudo mudará de repente. Mas não é bem assim. A cultura racista, eugenista, as teorias sociológicas e filosóficas, como o marxismo e o existencialismo, deixaram marcas profundas na cultura do mundo contemporâneo.

Não resta dúvida de que, no séc. XX e neste começo de milênio, o maior conhecimento científico se deu na biologia e na genética, melhorando as técnicas médicas. Avanço espetacular. Hoje se sabe tudo do homem pelo DNA: quem é o pai da criança, os índices de inteligência, religiosidade, sociabilidade do nascituro e ainda mais: quais as probabilidades de nascer um gay, uma criança tendente aos vícios (tabagismo, álcool e outras drogas), como também se aquele homem em projeto pode vir a ser um criminoso ou um psicótico, um psicopata ou um diabético, ter possibilidades de adquirir um câncer ou de adoecer do coração. No fim de contas, são apenas tendências. Na esteira desse conhecimento, afirmam a pequena influência dos pais e da escola, em favor da sociedade e das heranças genéticas na formação da personalidade. Mas os pesquisadores advertem-nos que a quantificação ou percentagem genética não é nunca um determinismo.

Esses estudos e as considerações podem ser enfeixados na conclusão de que têm um pouco de certezas e outro tanto de erros ou exageros. O que se pode dizer é que a natureza humana não existe como um ser distinto e cientificamente identificável. Existe o homem com duas faces: a herdada e a adquirida, as quais se misturam, se temperam. Degradam-se no rumo do que se convencionou chamar de o Mal ou se sublimam no sentido do que se chama o Bem. O homem convive com um e com outro, como convive com a vida e a morte, numa simbiose que, por vezes parece bem natural. Mas existem também as exceções: os santos e os facínoras. Por isto é que o homem mente a si e aos outros, justo por não saber ainda quem é, se anjo ou demônio, se mortal ou imortal, sempre nessa dicotomia que o faz crescer, decrescer, ou dando meias-voltas sem encontrar um caminho.

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*Francisco Miguel de Moura, escritor brasileiro, mora em Teresina, Pi. E-mail: franciscomigueldemoura@superig.com.br



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