Espírito de porco
maria da graça almeida
Mesmo nos dias
de forte calor,
dou-me ao olor
da nova poesia
com verbos picantes
e pontos salgados,
num delirante
sabor bronzeado.
Só não gosto
de orelha de porco.
Prefiro, do amigo,
um prato feliz,
que abre o sorriso
bem sob o nariz;
que enjeita o joio,
e estima o trigo,
como bem faria
um bom aprendiz.
Só não gosto de
rabo de porco.
Amo a pena
na prosa ou poema;
que nos melindres
não fica de molho, tampouco enxerga
meras remelas,
apenas vislumbra
a verdura do olho.
Só não gosto de
espírito de porco.
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