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Artigos-->O JAPÃO NA GRAVURA DO SÉCULO XIX -- 03/04/2007 - 21:29 (LUIZ CARLOS LESSA VINHOLES) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O JAPÃO NA GRAVURA DO SÉCULO XIX



L. C. Vinholes





Nota de 3 de abril de 2007: Este artigo foi escrito especialmente para catálogo-convite da exposição itinerante de gravuras japonesas e gravuras inglesas com temas japoneses comemorativa ao Centenário do Tratado de Amizade, de Comércio e de Navegação Brasil-Japão, assinado em 5 de novembro de 1895. Foi realizada inicialmente no Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo da Universidade Federal de Pelotas, de 27 de maio a 16 de junho de 1995; no Espaço G15 do Escritório de Representação em Brasília da Universidade Federal do Pará (UFP), com o título Cena Japão - Século XIX, inaugurada em 28 de agosto daquele ano; e no Museu da UFP, em Belém, aberta ao público em 16 de novembro do mesmo ano. Da mostra figurou um original do mapa do Japão do Atlas Ilustrado de John Tallis, lançado na Exposição Internacional de 1851, em Paris.



ARTIGO



A presente mostra de gravuras com temas japoneses, está dividida em duas seções: a das gravuras produzidas no Japão em meados do século passado, conhecidas nos meios especializados como “ukiyo-e” (e/quadro e ukiyo/o mundo que flutua ou o mundo de aflição e tristeza, o mundo plebeu), uma forma de percepção da perspectiva no Período Edo ou Tokugawa (1603-1867), e a das de gravadores ingleses, citados apenas como "artistas enviados", cujos nomes raramente aparecem nos seus trabalhos, como crédito de autoria.



Três das gravuras “ukiyo-e” são de autoria de Toyokuni (1769-1825) e sete de Kuniyoshi Toyohara‚ (1835-1900), artistas que se fizeram respeitar no final do Período Edo e na primeira metade da Era Meiji (l867-1912). Estas obras são como que fotografias de artistas famosos do “kabuki”, uma forma popular tradicional de teatro japonês, e eram apreciadas e adquiridas principalmente pelos habitantes das cidades de Osaka e Edo, antigo nome de Tokyo.



Os “ukiyo-e” são gravuras com temas que variam de "retratos", paisagens, cenas de rua, mulheres em “kimonos” vistosos, interiores, objetos, etc. Foram produzidas por um artista principal que criava o desenho original em papel transparente, ”hanshita-e”/desenho para confecção da matriz), e que delegava à uma plêiade de eficientes artífices o trabalho de transferir o seu desenho para as matrizes de madeira, geralmente de cerejeira sazonada/curtida, uma matriz para cada cor, e de imprimi-las em papel artesanal.



Com a mudança da capital japonesa de Kyoto para Edo em 1603, teve início um novo período e o surgimento de uma nova classe, os “chonin” (cho/arraial/cidade e nin/pessoa/povo do arraial/da cidade/gente do comércio, em contraste com o camponês agricultor), que incluía os artesões, os artífices e os emergentes comerciantes, como contraparte à classe dos “kuge”, nobres da corte, dos guerreiros, “bushi” ou “buke”‚ e dos “nomin”, agricultores. Edo tinha cerca de 600.000 guerreiros. No final do Período Edo‚ os “chonin” pouco menos de 2.000.000 pessoas em todo o Japão, sendo que cerca de 1.200.000 viviam nas três maiores cidades: Edo, Kyoto e Osaka. Com o tempo, os “chonin” tornaram-se financeiramente a poderosa classe média que despendia seus recursos nos teatros de “kabuki”, nos bordéis de Yoshiwara, com “kimonos” de alto preço e, como não podia deixar de ser, com os “ukiyo-e” que documentavam a realidade da época. Estas gravuras foram produzidas em grande quantidade a um custo condizente com o poder aquisitivo da maioria da população. Entretanto, seus autores, embora apreciados e respeitados, viviam pobres, fugindo dos credores e vendo as casas editoras prosperarem.



As dez gravuras inglesas, com temas japoneses, estão datadas de novembro de 1858 a janeiro de 1868, última década do Período Edo, e foram elaboradas por gravadores que, na sua maioria, se mantiveram anônimos e que funcionavam como “ilustradores” das notícias publicadas nos semanários londrinos da época, entre eles os Illustrated Times e The Illustrated London News. Estas notícias serviam para justificar ao público inglês o envolvimento britânico em outros países, no caso o Japão (o mesmo foi feito com relação ao Brasil), onde construíam estradas de ferro, estações de tijolo vermelho aparente, pontes de ferro de treliças (como a do Recife sobre o rio Capibaribe), coretos e caixas d água potável em elaboradas estruturas elevadas. Deve-se levar em conta o fato de que, algumas vezes, o registrado nas gravuras, produzidas em Londres, na sua quase totalidade com base em croquis e desenhos adrede preparados pelos "artistas enviados” ao exterior, não é inteiramente fiel à realidade.



Tecnicamente, quanto ao material utilizado, cumpre ainda diferenciar as gravuras “ukiyo-e” das inglesas dessa mostra. As primeiras foram feitas em tábuas de madeira, onde os veios não aparecem na gravura impressa não só pelo tipo da madeira escolhida, mas também em virtude do uso das cores. As inglesas, embora impressas em preto e branco, foram gravadas nas seções de tacos de madeira, coladas umas às outras para formar uma prancha, eliminando, assim, a presença dos veios e permitindo mostrar o tema objeto da obra com maior detalhamento e minúcias.





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