Todas as classes fazem uso da rede bancária, mas somente os pobres têm seu dinheiro confiscado pouco ou muito pelos bancos. Até mesmo para receber o seu salário o pobre sai perdendo. Quando uma empresa paga com cheque aos seus funcionários, acontece a inevitável espera em filas enormes. E quase sempre o empregado não tem tempo de ir ao banco receber seu salário, o qual já é uma miséria. Se a empresa abre contas em nome de seus funcionários, aí piora a situação. Além da espera e do tempo que não se tem para ir receber o dinheiro, este virá com desconto daquela droga chamada CPMF. Enfim, tudo o que fizermos com e nos bancos a gente acaba perdendo dinheiro. Nunca se ganha, só perde, além é claro, de perder tempo.
Já as classes média e média alta sempre ganham alguma coisa em troca do que perdem. Isto porque eles têm dinheiro aplicado em investimento de médio e longo prazo. Se o banco cobra o festival de tarifas deles, esta sangria será coberta com os juros que recebem do capital aplicado. O que nos causa espécie é a mansidão beneditina com que o governo brasileiro sempre se curvou para os bancos. E digam-se todos os governos desde o império. Todos sabemos que os bancos são as meninas dos olhos do capitalismo. No entanto, necessário se torna uma regra específica e sedimentada para a cobrança dessas tarifas, que rapidamente vão se tornando abusivas e intoleráveis. E essas tarifas jamais deveriam ser cobradas, posto que ao realizarmos nossos depósitos, o banco imediatamente passa a ganhar dinheiro sobre eles, uma vez que investem nas bolsas. E ganham sobre nosso dinheiro enquanto estamos dormindo, isto é por noite, no chamado “overnight”. Os juros que eles nos pagam não compensam nossas aplicações. Isto acaba tornando essas instituições creditícias, (se é que são isto), coisas inúteis em nossas vidas. Chegará num ponto que será melhor quardarmos nosso pobre dinheirinho dentro de cofres, ou buracos escondidos no subsolo de nossas casas. O tijolo baiano é muito bom para se esconder dinheiro. Estará mais seguro, tendo em vista que não recebemos o suficiente para ensejar aplicações. Quanto aos pagamentos de contas as casas lotéricas mostram muita mais eficiência. Outra vergonhosa atitude dos governos para com os bancos é quando um deles quebra. Neste caso, a democracia capitalista brasileira atinge o ápice de sua injustiça, quando socorre com toda pompa de imperadores romanos o banquinho quebrado. Dá todas as dicas para o banqueiro proprietário tomar um chá de sumiço por uns tempos e nós, o povo, ficamos sem o dinheiro de nossa conta. Se houvesse democracia verdadeira o banco poderia sim ser socorrido, mas a lojinha da esquina, onde a senhora desesperada vive pagando e pagando mensalmente ao seu sócio majoritário, que é senão o governo deveria também ser socorrida. Esta é a diferença que jamais se chegará num acordo de sermos ou não um país democrático. Não o somos ainda e não o seremos tão cedo, por conta dessas injustiças que também são sociais.
Parece que está tudo bem nesta terra de ninguém. Os poderes regurgitam corrupções; os impostos aumentam conforme o humor dos donos do poder; o salário do trabalhador é o mais vergonhoso do mundo e os bancos fazem suas festas de explorações através do spread, das tarifas exageradas, dos serviços que valem ouro e das vendas casadas. Imaginam toda essa gente que esse céu na terra não acaba nunca. Assim é que todos os homens maus também imaginam isto, nesta terra em que só é Senhor de todas as coisas quem possui mais dinheiro. E quase sempre este Senhor é uma pessoa má, vestindo o uniforme dos maus: terno e gravata. Assim como existe, no dizer de George W. Bush: “o eixo do mal”, existem também, principalmente no Brasil, “os senhores do mal”.