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Poesias-->Boas mulheres -- 13/07/2002 - 00:44 (Ricardo Barreto Ferreira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos









Giramundo vivia andando pelo mundo.



Amou muitas mulheres.;



Negras, brancas, mulatas,



Puras, pecadoras, ingênuas.



Tantas que perdeu a conta.







Agora Giramundo está preso.



Acorrentaram as pernas de Giramundo.



Colocaram uma venda em seus olhos



E tenazes em seu coração.



Trancafiaram Giramundo numa gaiola de ouro.



Ele tem tudo o que precisa, mas não é feliz.







Giramundo já foi socialista,



Comunista, trotskista e anarquista.



Agora Giramundo é capitalista.



Tem casa, carro do ano e uma mulher bonita.



Mas, quantas vezes não teve que se humilhar



Para conseguir tudo isto?







Giramundo sente saudades dos tempos



Em que andava a pé,



Das mulheres simples, sem artifícios.



Mulheres que se entregavam só pelo prazer.



Boas mulheres aquelas!



Maltratadas, espezinhadas, abandonadas,



Mas nunca se queixavam de nada.







Giramundo vive sonhando com o mundo,



Com as estradas sem fim,



Com os povoados na beira do caminho.



Giramundo sente remorsos por não ter morrido



Em uma guerrilha qualquer



Em defesa dos seus ideais.



Mas que fazer, se nunca foi procurado,



Nem nunca encontrou nenhum grupo em luta?







Giramundo chora pelos heróis



Tombados na luta contra a opressão.



Heróis anônimos



Homenageados por um escritor



De grande sensibilidade,



Num livro simples e despretensioso,



Mas ao mesmo tempo, humano e comovente,



Rico em exaltação àqueles



Que morreram por um mundo melhor.



Àqueles que deram a própria vida,



Para que nossos filhos conheçam



Um mundo com mais justiça,



Já que nos foi negado este direito



E nós não tivemos força suficientes



Para conquistá-lo, ainda.







Giramundo agradece em nome



De todos aqueles heróis anônimos:



“Obrigado Renato Tapajós.



Obrigado por teres escrito: EM CÂMARA LENTA.



Um dia não existirá mais este regime opressor, Com esta censura castradora.



Então todos poderão ler o teu livro,



E os personagens dele passarão à história



Como mártires deste período negro



Que estamos vivendo.”







Recife, 30 de julho de 1979.







Obs.:



(1)Estava assistindo ao noticiário da TV Universitária à noite quando foi noticiado que o livro havia sido proibido pela censura e iria ser retirado de circulação. Na manhã seguinte, corri à Livraria Livro 7 e consegui comprar o último exemplar antes que fosse recolhido.







(2) O título do livro é com CÂMARA mesmo e não CÂMERA. Acredito que o autor quis fazer um jogo de palavras já que nesse livro as coisas acontecem com uma lentidão angustiante.







Ricardo B. Ferreira



Recife, 30/07/79



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