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Artigos-->THX 1138, Apologia à Rebeldia -- 21/03/2007 - 16:33 (Duanne de Oliveira Ribeiro) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Provavelmente, não se encontrará em toda a internet uma só abordagem positiva sobre o mundo em que se passa o primeiro longa-metragem de George Lucas, THX 1138. Ele é, como os de Matrix, 1984 e Admirável Mundo Novo, um lugar de controle social completo. Não existem nomes: um indivíduo é identificado por um número e um prefixo de três letras. Logo, também não existem famílias; quem decide onde e com quem moram as pessoas são computadores. Todos se vestem de branco, todas as cabeças são raspadas. Em situações de pressão, não se sente nada além de calma; e também nunca ninguém se apaixona: drogas farmacológicas anulam esse tipo de impulsos humanos.

É, como nas outras distopias, a história dos personagens que conseguem escapar. THX 1138, o protagonista, deixa de tomar seus remédios e se envolve (comete crimes sexuais, na linguagem do filme) demais com a sua companheira de quarto. Aqui, como em dezenas de outras obras, de Adão e Eva a Romeu e Julieta, da Guerra de Tróia à Pequena Sereia, é o amor que causa o desequilíbrio na ordem social. THX acaba preso e depois foge, sempre mantendo o objetivo de encontrar LUH 3417, sua amada. Com ele, vão outros dois. Um deles tentava ser líder dos prisioneiros rumo à liberdade. Outro era um holograma: alguém que só existe para as televisões, representando cenas eróticas (para que se masturbem os telespectadores) ou didáticas, (com policiais punindo um presumível criminoso), entre outras.

Mas há uma diferença crucial neste filme: a segurança é efêmera. Eles são presos, sim, em uma imensidão branca, onde não se vê horizonte, nem entradas nem saídas, mas é paradoxalmente simples escapar dela. Só foi necessário caminhar além do lugar em que estavam todos e atravessar uma porta de metal. Eles são perseguidos na fuga, sim, mas por policias robôs sem nenhuma estratégia de captura bem elaborada, e extremamente fáceis de derrotar. E os administradores se preocupam com as contravenções, mas até o limite de 5% acima da verba destinada ao caso. Se ultrapassada essa quantia, a operação é cancelada e o criminoso é deixado à própria sorte.

Ninguém checa se as pílulas são tomadas nos dormitórios. Ninguém grava o que se fala nos confessionários religiosos espalhados pela cidade. Há um profundo desprezo pela iniciativa humana, uma crença absoluta na idéia de que nenhuma pessoa vai tentar fugir. De que não haverá um só a não cumprir as regras e mesmo que isso aconteça, crê-se que este não é perigoso ou importante para exceder o orçamento. Não haverá abordagens positivas desse mundo em lugar algum na internet, mas, antes de uma parábola obscura sobre o totalitarismo, THX 1138 é uma apologia à rebeldia.

Mas rebeldia solitária. O que se ganha é a própria identidade, nada além disso, e o fato não fará diferença para ninguém. Talvez só se perca, mas isso o filme não conta.

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O Bacamarte (http://obacamarte.blogspot.com/)

Texto publicado originalmente em:

http://obacamarte.blogspot.com/2007/03/thx-1138-apologia-rebeldia.html
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