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Artigos-->Os Amores de Kafka -- 07/11/2001 - 06:57 (Felipe de Oliveira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos




“Ele era tìmido, temeroso, modesto e bom, mas escreveu livros cruéis e dolorosos. Ele viu um mundo pleno de demônios invisìveis que esfolavam e destruiam o homem sem defesa.” Ninguém melhor do que Milena Jesenska, um dos grandes amores de Kafka, para definir este homem que era dominado pela solidâo e pelo sofrimento. Os amores de Kafka nem sempre foram fàceis. Existia sempre um obstàculo, algo dentro dentro da sua imaginaçâo ou que se impunha entre ele e a mulher amada. Embora nunca tenha se casado, amou quase a loucura vàrias mulheres. No seu diàrio ele escreve : “Você nâo pode me amar tanto quanto gostaria; você està infelizmente apaixonada pelo pròprio amor que você sente por mim, mas seu amor por mim nâo està apaixonado por você.” Kafka parece se alimentar desta orgia de desespero, autoflagelaçâo e autodestruiçâo.



Diversas mulheres passaram pela vida do autor tcheco. Algumas foram apenas uma ligaçâo passageira, outras tiveram algo profundo que foi capaz de influir sobre o curso de sua vida. Aos 22 anos teve um romance com uma mulher que ficou conhecida como a “garota de Berlin”, mas tarde, Kafka atribui-lhe uma grande importância na sua vida, afirmando que essa mulher tinha sido uma das duas mulheres com quem, ao longo de sua vida, chegara a conhecer uma verdadeira intimidade. Outras nâo tiveram ou nâo alcançaram essa intimidade que ele chegou a escreveu no seu diàrio : “O amor nâo se aplacarà com um simples buquê de flores. Isto sò serà possìvel pela literatura e pelo coito.”



Franz Kafka nasceu em Praga no dia 3 de julho de 1883. Foi o primeiro filho de Hermann e Julia Kafka. O pai era um comerciante enérgico, autoritàrio, que marcou com seu caràter despòtico, a personalidade do filho. A mâe era serena, suave, sempre disposta a atenuar os efeitos do temperamento autoritàrio do marido no trato com Kafka. Franz cursou o primàrio e o secundàrio numa escola alemâ. A disciplina interna era rìgida. Na universidade estudou quìmica (15 dias), alemâo (seis meses) e Direito. O essencial para Kafka era a literatura. A paixâo comum pela literatura aproxima-o de Max Brod, que permaneceu seu amigo durante toda a vida e que, felizmente, nâo atendeu o ùltimo pedido do escritor para queimar todos os seus manuscritos.



FELÌCIA BAUER



Um dos seus maiores e mais complicados amores foi Felìcia Bauer. Inicialmente Kafka pensou que ela fosse uma empregada. Ele se apaixona e a pede em casamento. O namoro dura dois anos. Numa carta ele explica : “Tudo foi culpa minha. Ela é sensìvel e qualquer palavra, mesmo a mais gentil, pode ofendê-la. Eu nâo podia ser feliz, calmo, determinado, capaz para o casamento, embora tivesse repetido e assegurado disto, embora, às vezes, a amasse desesperadamente, embora nâo conhecesse nada mais desejàvel do que o casamento.”



No seu relacionamento com Felìcia ele vive dilacerado por duas exigências contràrias e inconciliavéis : casar-se, pelo amor profundo e estàvel, pela uniâo com uma mulher, superar o seu isolamento insuportàvel ou preservar a sua independência, nâo se prendendo a nada, ainda que pagando o com preço da sua solidâo. Ele hesita cada vez mais, sente-se fràgil e doente.

Vai se repousar num sanatòrio e tem um romance com uma suiça-cristâ. Nada se sabe deste amor. Ele prometeu guardar segredo e cumpriu a promessa. Ao voltar do sanatòrio, Felìcia pede a uma amiga, Greta Bloch, que interferisse ao seu favor, ela aceita a missâo e termina tendo um caso amoroso com Kafka. Ele termina voltando para Felìcia, mas escreve no seu diàrio : “ Eu me sentia amarrado como um criminoso. Se tivessem me colocado num canto, com algemas de verdade e carcereiros à minha volta, dando-me apenas a permissâo para ficar observando, acorrentado, o que se passava, a coisa nâo teria sido pior; e era o meu noivado.” Dois meses depois eles rompem. Felìcia nâo suporta mais as dùvidas e angùstias do noivo.



MILENA JESENSKA



Jà com 36 anos Kafka conhece Julia Wohryzek com quem fica noivo. Novamente os problemas de saùde. Em 1920 inicia uma correspondência com Milena. O amor que o uniu a Milena teve logo um primeiro obstàculo. Ele era noivo de Julia e Milena era casada. Kafka a conheceu devido as traduçôes dos primeiros escritos do autor para o tcheco. Milena era uma mulher sensìvel, inteligente e de um excelente gosto literàrio. Com ela era possìvel uma comunicaçâo espiritual superior a que tivera com Julia ou Felìcia. Kafka se apaixona e pede que Milena venha viver com ele em Praga. Ela recusa. De 1920 a 1923, Milena é o centro da vida de Kafka.



As cartas que trocaram durante este tempo mostram os dramas, os sofrimentos, as angùstias e a solidâo que aprisionava Kafka. Quando Milena lhe fala em felicidade, ele escreve : “Para que falar de um futuro comum que jamais se realizarà. Poucas coisas sâo seguras, mas uma delas é que nòs nunca viveremos juntos na mesma casa, nunca sentaremos juntos à mesma mesa, nem sequer chegaremos a viver na mesma cidade.” Milena compreende Kafka como como poucos e numa carta a Max Brod ela diz : “Todos nòs, aparentemente, conseguimos ir vivendo porque, num dado momento, somos capazes de nos refugiar na mentira, na cegueira, no entusiasmo, no otimismo, numa convicçâo absorvente ou em qualquer outra coisa. Mas ele nâo tem asilo protetor algum. È absolutamente incapaz de mentir, como também é incapaz de se embriagar. Nâo tem o menor refùgio. O menor abrigo. Por isto està permanentemente exposto àquilo que estamos protegidos. È como se fosse um homem nu no meios dos vestidos...”



O ÙLTIMO AMOR : DORA DYMANT



Desiludido por nâo conseguir o amor de Milena, ele encontra uma jovem de 18 anos, Dora, filha de operàrios judeus poloneses. Somente com Dora ele realizou algo que nunca conseguiu fazer durante toda a sua vida : desligou-se da famìlia, deixou Praga e foi viver com ela em Berlin. Viveram em precàrias condiçôes financeiras, mas pela primeira vez, Kafka encontrou um clima de tranquilidade, intimidade e felicidade. Vivendo com Dora, estuda o hebreu e desenvolve intensa atividade literària. A doença novamente o persegue e ele nâo sabe que os dias de felicidade estâo contados.

Jà no fim da vida e com apenas 41 anos, a tuberculose, tinha se apoderado de todo o seu organismo. Ele nâo desanima e quer partir com Dora para a Palestina. Sua saùde està abalada demais. Ele continua a trabalhar com afinco nos seus manuscritos, sempre disposto a viver, nâo se conformando com a doença ou a fraqueza. Dora exercia sobre ele os efeitos mais salutares, mas era tarde demais. Kafka pede a mâo de Dora em casamento. O pai recusa. Ela o acompanha por todos os sanatòrios e nâo o deixa sò um ùnico instante. A situaçâo de Kafka se agrava; ele nâo consegue mais comer ou beber. No dia 3 de junho de 1924 entra em agonia. Expulsa a enfermeira do quarto e pede morfina a um amigo médico. Ele nega e Kafka diz : “Mate-me, senâo você é um assassino.” Poucas horas depois morria um dos maiores gênios da literatura do século XX.

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