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Artigos-->HERÓIS OU BANDIDOS -- 17/03/2007 - 16:17 (GERALDO EUSTÁQUIO RIBEIRO) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
HERÓIS OU BANDIDOS?



Hoje ao voltar do trabalho comecei a me questionar e descobri que precisava escrever mais poesias.

Ser menos amargo.

Nas como se todos os dias somos alimentados com fel?

No meio da semana o noticiário mostrou índios morrendo de fome no Mato Grosso.

Policiais sendo assassinados no Rio de Janeiro enquanto os coronéis ficam confortavelmente sentados em poltronas luxuosas dizendo que não é uma matança.

E isto acontece em todas as aldeias.

Isto acontece com todas as tribos dos cara-pálidas.

Hoje o presidente vem e diz que os ministros são heróis por “trabalharem” a troco de um mísero salário de sete mil (7.000,00) reais. E que ele é o torneiro mecânico mais bem pago do mundo, não tendo o que reclamar da bagatela de oito mil (8.000,00) reais.

Mais uma vez somos tachados de palhaços.

Alguém acredita que este é o salário final?

E os perunducalhos e as tramóias que triplicam este salário?

Se for ministro é um ato de heroísmo, ser assalariado é o quê?

Ter que levantar às quatro horas da manhã para pegar o ônibus e saber que no final do mês o salário não dará sequer para pagar a conta de água e luz.

Receber uma cesta básica, em sua maioria com produtos de segunda, incorporada ao salário sem que ele saiba e que pensa ser um benefício.

E muitos continuam carregando a vergonha do país dentro de uma marmita que raramente vê um pedaço de carne enquanto os heróis comem caviar e bebem vinho dos deuses à custa do imposto pago por estes mártires da miséria.

Um vale transporte também incorporado ao salário que dá direito a andar espremido e suportar um engarrafamento de três horas em pé dentro de um ônibus super lotado, sonhando chegar ao barraco pendurado no morro ou cravado no meio de uma favela.

Enquanto isto os heróis vão para o trabalho em carros de luxo com motoristas e suas mulheres vão às compras e seus filhos para as melhores universidades também pagas com o nosso suor.

Cada vez mais somos surpreendidos pelas artimanhas da vida!

O torneiro mecânico aprendeu como ninguém usar as palavras como ferramenta de vídia para aparar arestas. E num sincronismo perfeito da placa de mandril da máquina onde aprendeu a tornear, vai aplainando arestas e distribuindo cargos, quase conseguindo forjar uma engrenagem com materiais de ligas diferentes.

E consegue colocar em uma mesma mesa pessoas com pensamentos e atitudes conflitantes, com um único objetivo: a perpetuação do poder.

A vida é mesmo assim, uns se moldando aos outros.

Quando o próprio presidente ao empossar o ministro da saúde diz que o está entregando um enorme abacaxi para descascar, nós pobres ficamos preocupados. O que o presidente não disse é que debaixo da casca da fruta tem uma poupa deliciosa e de fácil digestão, o que torna o trabalho de descascar mais ameno. O que ele sabe e não quis dizer é que a casca da saúde está podre e quando tirada nos mostra sofrimento e morte, causada pela incompetência e pelo roubo descarado nas barbas de um governo e de uma justiça que finge não enxergar. Posso falar sem medo de errar, pois atuei na área da saúde durante dois anos e participei de reuniões onde o gerente do bloco cirúrgico era orientado a ligar para os pacientes cancelando cirurgias que ele esperava como quem espera um milagre. E na conversa diziam que uma máquina havia quebrado, quando na verdade o motivo era a falta de um fio cirúrgico barato que não foi comprado por pura incompetência ou pelo prazer de ver pobre morrer.

Eu queria escrever poesia.

Tenho certeza que não sou amargo.

Mas o momento e a situação que vivencio não me permitem ser sonhador, e ficar calado e ser conivente com os acontecimentos é coisa que me incomoda.

Não posso simplesmente fingir que tudo está bem enquanto o presidente faz piadinha para arrancar sorrisos de uma meia dúzia de puxa sacos.

De heróis.

E de bandidos.



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