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Artigos-->ELITES BRASILEIRAS -- 12/03/2007 - 20:00 (Francisco Miguel de Moura) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
ELITES: CRÍTICAS E ELOGIOS



Francisco Miguel de Moura*

(Da Academia Piauiense de Letras)





Contamos com a tradição de séculos de escravismo, primeiro indígena, depois africana e, com o advento da República, a escravidão do trabalhador branco. Isto conta muito. Somos um povo? Ainda não. Somos um depósito de homens. Poucos são livres, dirigentes, elites. A maioria é de escravos, sem direito a nada senão trabalhar. Liberdade não há, praticamente. «Só duas coisas são livres no Brasil: a praia e a literatura» - frase citada por Osman Lins. Mas não é inteiramente verdade, já existem praias cercadas, individuais. Resta a literatura, que é para uma elite letrada, pois, infelizmente, nosso povo não sabe ler.

Por outro lado, é coro permanente das oposições, das classes desorganizadas, que todo o mal do Brasil provém das elites. Elas, sim, são bastante organizadas para defender os seus bens, lucros e privilégios, no que, como classe, estão corretas. Elas têm liberdade pra tudo. O povo que fique por fora, sem nada.

Criticar as elites governantes é necessário, nisto o povo e a parcela inteligente da intelectualidade está certa. É dever da elite administrativa governar sem roubo, sem injustiças, sem paixão de classe, fazer boas leis e cumpri-las fielmente. Porém o povo não tem razão quando coloca todo o mal do Brasil como proveniente dos nossos governos. Assim procedendo, eximem-se da participação, omitem-se da ação que, por pequena que seja, por reduzida que seja no espaço e no tempo, mesmo assim tem grande poder transformativo. Nas sociedades modernas, o que primeiro se exige é organização, participação, trabalho de todos. Quem não se organiza não terá direito a nada, nem mesmo o de reclamar. Querem ver um exemplo? Não têm razão as classes pobres quando vendem seu voto, quando não procuram impor-se no seu sindicato, na associação de moradores, na igreja de sua crença, no partido popular, etc.

Frisemos que hoje somos testemunhos de um tempo de grande e rápida mudança. As elites, a meu ver, neste instante, estão bastante abaladas, fragilizadas politicamente. E correm o risco de voltar ao tempo do coronelismo, do populismo personalista. Partidos mesmo não temos, já referimos em matéria anterior. As frentes de partidos ou facções são o desepero das elites no seu afã de se fazerem cridas pelo povo. Pelas últimas pequisas e pelas próprias eleições passadas, sabe-se bem do descrédito que sofre a classe política. Isto é bom por um lado: ela cede lugar a que o povo respire e no espaço se organize. Permite consciência, como já existe numa parcela do PT e outros pequenos partidos que vão surgindo, que é o começo dessa caminhada da organizão da sociedade civil.

É bom esse princípio de desorganização da elite, desde que, do lado inverso, o povo acredite em si mesmo, exija seus direitos e comece a organizar-se de verdade. Que mostre a nossa realidade de pobreza, doença, analfabetismo, desesperança, desumanidade. Se o povo começa a organizar-se segundo suas crenças, ideologias, profissões, moradias, necessidades materiais, etc. então teremos os partidos dos sem-terra, dos sem-teto, das donas-de-casa, dos desempregados, dos jogadores de futebol, do vendedores livres, dos aposentados e muito mais.

Daí dirão: Teremos também os grandes partidos dos empresários, dos ruralistas, dos conservadores, etc. Sim, mas que sejam organizações legais, agindo à luz do dia, para que então possamos combatê-las (se for o caso). Tudo certo, desde que as instituições partidárias que se criem ou se revigorem tenham um ideário claro, objetivo, real; e tenham representatividade junto às populações; e tenham vida ininterrupta no seio da sociedade civil, não sejam fantoches de caça ao eleitor. Porque os partidos de agora só existem no tempo da eleição, para registro de candidatos e legendas. Assim não servem, precisa-se de verdade, honestidade. Não é possível continuar mantendo uma casta que tem tudo, de um lado; do outro, o povo faminto, sem escolas, sem saúde, sem transporte, sendo excluído de tudo.

Aí, sim, depois da organização da sociedade civil na defesa dos seus direitos e na prática dos seus deveres, seria o tempo de promover a reforma partidária, com uma nova Lei Orgânica dos Partidos a vigir em legislatura posterior. Muitos ou poucos partidos? Não importa. Importante é que sejam reais, ativos, consistentes, não manipulados por um ou dois, porém sujeitos às regras democráticas de discussão, votação e eleição por maioria, preservando-se os mínimos direitos de existência das minorias - fato que jamais aconteceu na História do Brasil.



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*Francisco Miguel de Moura, poeta brasileiro, mora em Teresina, Piauí. Veja os sites “usinadeletras” “wikipedia”. E-mail: franciscomigueldemoura@superig.com.br

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