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Artigos-->TJN - 009 = A profiláctica menina-de-cinco-olhos -- 11/03/2007 - 18:44 (TERTÚLIA JN) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A profiláctica menina-de-cinco-olhos





Ainda não me esqueci que na escola primária dava erros que me fartava. Às vezes eram às dúzias! Como é que havia de me esquecer se cada erro era motivo para levar um bolo com a menina-de-cinco-olhos. A gente ficava a olhar para a palma da mão enquanto ela se avermelhava deixando cinco pontinhos brancos na sua superfície. Era lindo!



Depois criei o vício da leitura. Ele era o Diabrete, o Mosquito, e o Mundo de Aventuras. Depois chegou o Emílio Salgari, o Júlio Verne e os heróis policiais preferidos, Perry Mason e Poirot. Aos catorze anos já tinha devorado quase toda a colecção de Camilo Castelo Branco que havia lá em casa e me tinha exaurido em lágrimas com tanta tragédia. Às tantas não havia controlo, lia tudo o que aparecia! O mau e o bom. A Mary Love e Max du Veuzzi, Sthendal e o Rabelais, só para dar uma imagem. Lembrei-me do Rabelais porque ainda hoje não sei quem, com aquela idade, me foi emprestar “Lúbricas” do citado autor. Mas era muito bom e contribuiu sem dúvida para a minha formação nessa vertente específica.



Claro que devo tudo isto à televisão, isto é, à falta dela.

A minha mãe chamava-me para almoçar duas e três vezes e eu respondia que já ia, que estava mesmo a terminar aquela folha. Hoje chamo os netos para almoçar e eles:

- Já vamos! O filme está quase no fim!



Acabei por me apaixonar pela minha língua. Tanto, que tenho remorsos por não ter reservado mais tempo para o seu estudo. Sinto mesmo que lhe poderia ter dedicado toda a minha vida.

Por essa razão, embora aceite que a juventude esteja a inventar uma nova escrita baseada em iniciais, abreviaturas e símbolos, eu não vou por aí. Há lá alguma coisa mais cativante do que procurar construir uma frase!

Se um erro me dá um calafrio dois erros provocam-me uma constipação (à portuguesa).

Os meus erros!

Por isso estou quase sempre resfriado!

Mas que luto? Lá isso luto.



Por isso naquele fórum, onde diariamente nos confrontamos, resolvemos por bem não comentar os erros gramaticais que possamos dar nas nossas intervenções. Pessoalmente e dado que já confessei o meu ponto de vista sobre o assunto, não me importo nada que me corrijam. Até fico muito agradecido.



Claro que nesta época de extraordinário desenvolvimento tecnológico temos à nossa disposição equipamento adequado para nos alertar para os erros cometidos. Embora muitos de nós escrevam directamente no sítio, aconselho vivamente o uso do Word, que não sendo perfeito é, contudo um óptimo instrumento para aprendermos a escrever o mais correctamente possível. Depois é só copiar e colar.

Mesmo com muitas falhas, alguns aspectos como os erros de concordância são também detectados. Uma limitação que o sistema apresenta diz respeito à observância do contexto.

Se eu por exemplo escrever,

“Quando entrei no consulado de Portugal em Marrocos fiquei bastante consolado com a recepção.

“Quando entrei no consolado de Portugal em Marrocos fiquei bastante consulado com a recepção”.

o Word mantém-se impávido e sereno

Contudo a primeira frase está correcta e a segunda daria direito a dois bolos com a menina-de-cinco-olhos.



Desculpem! Isto foi apenas um devaneio.



António José Pereira da Mata

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