TRISTE E SÓ
E ninguém notou que eu estava tão triste naquele dia.
Passei entre eles com a minha tristeza estampada no rosto
Mas, estavam todos tão ocupados consigo próprios, que ninguém notou.
Eu, que vivia sorrindo de tudo,
Que sempre tinha uma frase de estímulo para os que fraquejavam,
Não encontrava agora nem uma palavra de conforto.
Andei por todos os lados.
Em todo canto encontrava grupos divertindo-se
E ninguém me dava a menor atenção.
É incrível que, ainda ontem, me procuravam
Para que eu os divertisse com minhas brincadeiras.
Agora me repudiavam.
Se eu não podia diverti-los,
Não viesse perturbá-los com minha tristeza.
E eu saí e caminhei só, durante muito tempo.
A chuva ensopou meus cabelos e a minha roupa.
Depois o sol brilhou, enxugando as ruas.
E eu continuava a caminhar,
Triste e só.
RECIFE, 10 DE AGOSTO DE 1978
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