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Artigos-->As sandálias da educação -- 10/03/2007 - 11:59 (João Rios Mendes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
No dia 27 de fevereiro de 2007, a Comissão de Educação do Senado Federal realizou uma audiência pública para que o Ministro da Educação, Dr. Fernando Haddad, esclarecesse os pífios resultados do SAEB – Sistema de Avaliação da Educação Básica e do ENEM – Exame Nacional do Ensino Médio, divulgados poucos dias antes.



A sessão corria normalmente, o ministro não dizia nenhuma novidade, não propunha nenhuma grande mudança na educação, aliás, estava até enfadonha, quando o senador Cícero Lucena, falando da melhoria da educação no seu Governo na Paraíba, relatou dois casos. No primeiro deles, a escola de uma pequena cidade daquele Estado recebia o Secretário de Educação e durante a cerimônia o choro insistente de uma criança chamou a atenção do agora Senador. Os professores o informaram que a criança chorava de fome, não havia comido antes de sair de casa. Por causa disso ele (Cícero Lucena) melhorou o fornecimento e a distribuição da merenda, e as escolas passaram a comprá-la nos mercados e padarias da própria cidade. Palmas pra ele! Sobre isto, lembrei que certo dia uma colega professora tentou punir os alunos deixando-os sem o lanche, alegando que eles teriam ‘bagunçado muito’ na aula dela. Como representante daquela turma, recorri à diretoria, e a professora voltou atrás. Palmas pra Diretora Sandra!



No segundo caso, o Senador contou que visitava uma cidade quando uma mãe disse-lhe que seus dois filhos tinham só um par de sapatos para irem à escola. Um filho estudava de manhã e o outro à tarde, para revezarem o sapato. Aí ele tomou providências e o Estado passou a fornecer uniforme completo aos estudantes. Palmas para ele! Este exemplo remeteu-me ao ano de 1995, quando eu lecionava no Centro de Ensino 302, em Samambaia, e fui o coordenador da formatura da 8ª série. Foi um ano inesquecível na minha vida. Fiz sólidas amizades com professores e alunos, trabalhei com gosto como nunca havia trabalhado, ao ponto de uma colega me perguntar se eu “não estava usando o trabalho como válvula de escape de algo...” Dentre os muitos choques – alegres ou tristes – que vivi na educação o que mais me marcou foi o caso de um aluno – aqui o chamarei de Pedro - que me disse que não participaria da festa de formatura porque não tinha sapatos. Nesse dia percebi que ele realmente só ia de sandálias havaianas para o colégio. Lembro-me que eu e o prof. Lúcio, de matemática, ficamos preocupados com a ausência dele na formatura. Tentamos achar um outro aluno que calçasse o mesmo tamanho, mas Pedro não aceitou. Acho que ele não foi à missa e realmente não foi à formatura. Ao não vê-lo na festa fiquei com certo engasgo na garganta.



Naquele ano o governador do Distrito Federal era o agora Senador Cristovam Buarque, que coincidentemente presidia aquela sessão e ouviu atentamente o Senador Cícero Lucena. Segundo De Paula (2006:46/47), em Cristovam Fez!, o governo Cristovam deu à educação um grande salto de qualidade. O salário dos professores aumentou cerca de 60% em quatro anos; o quadro de professores foi aumentado em 41%; além do bolsa-escola e da gestão democrática. Palmas pro governador!



Ora, se estou citando dois exemplos de governantes preocupados com a educação, por que Paulo não tinha sapatos para ir à escola? Ainda assim, ele tirou as melhores notas e passou de ano; tinha uns quinze anos, era muito esforçado e querido entre nós. Palmas pra ele!



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