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Artigos-->TJN - 009 = A "Trasladatona" -- 08/03/2007 - 12:14 (TERTÚLIA JN) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A “Trasladatona”



Em 9 de Março de 2004, ficámos a saber que as ossadas do nosso antepassado Damião de Góis, que em 1941 foram trasladadas da Igreja de Santa Maria da Várzea, para a Igreja de S. Pedro em Alenquer, tinham, afinal sido retiradas de um monte de ossos correspondentes a seis homens, duas mulheres e duas crianças.

O coordenador da operação, Hipólito Cabaço, arqueólogo de profissão, foi então acusado de se ter prestado a uma mistificação, ou para ser mais suave “uma simulação”, como disse um matutino naquele dia.

Sabe-se que foi sepultado sem roupa e sem caixão, o corpo colocado com a cabeça para nascente e pés para poente, como eram enterrados todos os que eram condenados pela Santa Inquisição. Depois, o corpo foi coberto de cal, que, segundo os técnicos que compunham o grupo de investigadores, terá feito desaparecer completamente as ossadas.



Sabe-se que Mário Sampaio Ribeiro, estudioso musical, quando da trasladação, esteve com o crânio do Damião em suas mãos, tendo então observado vestígios de violenta pancada, indiciadora de assassinato. Olhava, afinal, para uma caveira anónima.



Um ano depois da “extraordinária” promoção do estado Novo que foi a Exposição do Mundo Português, é muito natural que algumas notáveis figuras do regime estivessem presentes à cerimónia da trasladação. Saberiam a quem prestavam homenagem?

Um homem que trocou conhecimentos com Erasmo e Lutero, uma das mais notáveis figuras do renascentismo português morreu não se sabe como, nem onde, nem porquê.

Que interesse tem isso afinal? Saber onde está sepultado o corpo? Qual a finalidade?

Porque está registado, sabe-se que a Inquisição o perseguiu e condenou. Se não foi queimado, foi porque abjurou. Amigo de Lutero, eu? Até o odiava! – terá dito

A sentença dos inquisidores foi a de prisão perpétua, porque o insigne historiador e diplomata abjurou e assinou por baixo:

"Damião de Goes, cristão-velho, morador nesta cidade de Lisboa, perante vós, Reverendos Senhores Inquisidores, contra a herética pravidade e apostasia, juro nestes Santos Evangelhos, em que tenho minhas mãos, que, de minha própria e livre vontade, anatematizo e aparto de mim toda a espécie de heresia e apostasia que for ou se levantar contra a santa fé católica e Sé Apostólica, especialmente estas em que caí, que tenho confessado ante Vossas Mercês, que aqui agora, em minha sentença, me foram lidas, as quais aqui hei por repetidas e declaradas. E juro de sempre ter e guardar a santa fé católica que tem e ensina a Santa Madre Igreja de Roma e que serei sempre obediente ao nosso mui Santo Padre Papa Gregório décimo terceiro, ora presidente na Igreja de Deus, e a seus sucessores. E confesso que todos os que contra esta fé católica vierem são dignos de condenação."

Isto, pelo menos sabe-se!



António José Pereira da Mata

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