É soer dizer-se que uma decepção nunca vem só. Assim, o primeiro Domingo de Fevereiro, a começar e a terminar, foi para mim assaz decepcionante.
Acordei por isso bastante bastante desmoralizado com o demolidor golo do Estrela da Amadora em pleno Estádio do Dragão, sem vontade de nada, desmotivado, desconsoladoramente desalentado e vazio de perspectivas. Fugi quanto pude dos olhares benfiquistas que me aguardaram todo o dia no café para me retribuir ao dobro o gozo que lhes dei na véspera com o empate do Benfica na Luz. Vão ter de aguardar até segunda-feira.
Gastei pois o Domingo como pude entre a leitura de jornais, o almoço e dois cafezinhos que tomei pela tarde fora, um no ciber On Web e outro no Java.
Ao cair da noite pus-me a ver televisão e fui ficando até ver o que não esperava nem desejava ver.
Logo adiante das notícias assisti às peripécias do Gato Fedorento e à sua "espécie de magazine" com alguma vontade de gargalhar à boleia da fedorização.
De repente surge o mais sublime "estraga-o-fado" de todos os tempos, o João Braga, a estragar de alto abaixo uma composição do Robbie Williams entre guitarra e viola. Ó minha querida mãezinha, disto, deveras "só visto", tal e qual como o envernizador de serviço da RTP. O assumido "estraga-o-fado" nacional é mesmo capaz de estragar tudo, contorça-se quem se contorcer e pese a quem pesar. Amália, Marceneiro, Carlos do Carmo, Mariza ou exímios purismos como Fernando Maurício, Fernanda Maria ou Argentina Santos, teriam ou terão muito que aprender com o "vai-ou-racha" que tudo deturpa e impositivamente confunde.
Logo a seguir, porque o Santana Lopes estava entre os convidados que iam debater "Os Grandes Portugueses", tive que gramar a Maria Elisa preocupadíssima com a melhor forma de abrir a cova cada vez mais funda ao célebre hóspede do cemitério de Santa Comba Dão. Creio que a senhora nem dorme com tão nefanda preocupação instalada no cérebro.
Fiquei então a saber, através de um jornalista do "Público", que num concurso que o seu jornal realizou para, ao contrário da RTP, apurar o pior dos portugueses, entre os cinco designados finais com grande hipótese de ganhar estava Mário Soares.
Ora então, e esta, heim!...
Entretanto, logo que a Maria Elisa tendeu a interromper e a tentar confundir a liberdade de expressão de um telespectador que mencionou o facto de ter sido Salazar que implantou uma escola em cada terra portuguesa, insinuando que 40 anos eram 4 séculos e 32 anos eram apenas três dias, não aguentei e desliguei o televisor. Sequer ouvi a conclusão final do Pedro Santana Lopes, o ex-primeiro ministro que foi vítima de um golpe partidocrático.
O que vale é que os programas da RTP, segundo a nova explicação prévia por parte dos diversos entendidos, são uma divertida brincadeira que utiliza apenas motivos sérios. Desta feita vou mesmo definitivamente emburrecer.