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Artigos-->TJN - 011 = Os Vencidos da Vida -- 01/02/2007 - 23:05 (TERTÚLIA JN) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Foi por sugestão de Joaquim Pedro de Oliveira Martins - e que sugestão! - que um grupo informal constituído por relevantes intelectuais da vida cultural portuguesa foi designado por "Vencidos da Vida", espécie de animada tertúlia que teve lugar nas últimas três décadas do século XIX, cuja sarcástica e irónica denominação decorria da clara renúncia dos seus membros às estouvadas aspirações da juventude.



O selecto conjunto, que teve o seu auge no período que decorreu entre 1887 e 1894, reunia-se regularmente para lautas comezainas e convívios semanais no Café Tavares, no Hotel Bragança ou na casa dos seus membros, assumindo-se com o carácter de uma sociedade exclusiva, congregando vultos da literatura, da política e de alta posição social, com relevo para algumas das mais ilustres personalidades da roda mundana e aristocrática. Eça de Queirós, um dos aderentes mais tardios, considerava tratar-se de um "grupo jantante", quiçá por verificar que a primordial propensão assentava sobretudo na ftuíção de um abundantíssimo exercício culinário...



Entre os elementos dos "Vencidos da Vida" contavam-se alguns dos intelectuais e políticos que tinham planeado a tentativa de transformação do país subjacente à fase tardia da Regeneração, que, face ao percebido insucesso desse processo modernizador, canalizavam a sua frustração e desengano dos ideais revolucionários juvenis para um diletantismo elegante e irónico. Surge assim a vaga idealização de uma aristocracia iluminada, de contraponto ao socialismo utópico que alguns deles tinham antecedentemente defendido.



Entre os bem dispostos "jantantes", contavam-se José Duarte Ramalho Ortigão, Joaquim Pedro de Oliveira Martins, António Cândido Ribeiro da Costa, Guerra Junqueiro, Luís Soveral, Francisco Manuel de Melo Breyner, Carlos de Lima Mayer, Carlos Lobo de Ávila , António Maria Vasco de Mello Silva César e Menezes e Eça de Queirós, que passou a integrrar o grupo a partir de 1889.



A actividade do grupo fez renascer e crescer entre os seus membros uma nova esperança, uma vez que a pouco e pouco se tinham tornado em círculo influente junto do príncipe herdeiro, o que, após a morte de D. Luís I, em 1889, passaram a ter sobre o novo rei, D. Carlos I, privilegiada consideração. Nesse contexto, Eça de Queirós escreveu na "Revista de Portugal" logo que o príncipe tomou o trono: "O Rei surge como a única força que no País ainda vive e opera".



Chegou-se a julgar que se abria um novo ciclo político, com os "Vencidos da Vida" a acreditarem que, por intermédio de um acrescido papel do rei e de uma nova política externa liberta da velha aliança inglesa, se conseguiria debelar a crise provocada pelo regime oligárquico da Carta. Contudo, o assassínio de D. Carlos e do príncipe Luís Filipe, acabaram por deitar por terra todas as suas últimas esperanças.



A divulgação e a publicidade feitas em torno das actividades do grupo pelo jornal "O Tempo", editado por Carlos Lobo de Ávila, levou a que o nome suscitasse a troça de vasta intelectualidade lisboeta, resultado do misto de desdém e de inveja que sempre caracterizou o relacionamento entre os membros do intelecto português. Esse clima de ressentimento e troça em certos sectores da vida na capital, conduziu a que os seus membros fossem criticados, satirizados e humilhados. Sobre o tema, o dramaturgo Abel Botelho escreveu em 1892 uma peça intitulada "Os Vencidos da Vida", que acabou por ser proibida pela polícia, dada a violência da sátira e dos ataques pessoais nela contidos.



Ora assim e decorridos 115 anos, seja ao nível que for, a mesmíssima tendência mantem-se incessante, curiosamente tal como dantes, e continua sem perceber-se que proveito lúcido dá vencer e destruir os confessos e bem aventurados "Vencidos da Vida". Como sempre adiante se constata, o derrotismo apresenta-se sustentando garboso o inequívoco produto do "vitorioso acto" na mão: nada!...



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