O dia 17 de dezembro de 2006 ficará eternizado nas mentes dos colorados. Será inesquecível porque foi marcado pela superação e glória.
Acordamos cedo, aquecemos a água para o chimarrão e aguardamos, ansiosos, as imagens de Yokohama. Nesse dia o Internacional não faltou ao encontro com sua história. Houve uma inversão da lógica. Uma desobediência com a certeza. E uma brincadeira com o inevitável. Do lado de cá do mundo, torcemos. Do lado de lá, garra farroupilha.
De onde vieram aqueles guris com os olhos postos no sol-nascente? Irreverentes e audaciosos. Falta de educação dessa piazada. Eles não se enxergam? Quem são aqueles garotos que ousaram desafiar uma constelação?
Um verso do poema Reflexão de Colmar Duarte nos dá a síntese desse feito “as estrelas só enfeitam a noite porque o sol não pode velas”. Na terra do sol... e o futebol é assim mesmo, nos surpreende a cada jogo, por isso que é apaixonante, pois a lógica sempre é revista. E o certo é duvidoso.
Esse ano foi ímpar para o futebol brasileiro. A nossa seleção de galácticos fracassou na Alemanha. A soberba e a prepotência derrotaram talentos individuais. E, em meio a copa, amarguramos uma volta silenciosa. Na decisão do mundial interclubes tivemos algo semelhante. O Barcelona com sua constelação tinha convicção da vitória. No entanto, aconteceu o que parecia absurdo. Mas explicável, porque futebol é conjunto, espírito de grupo e muita dedicação. Claro, acompanhado com gênios fica melhor e mais fácil. O Internacional não tinha gênios, mas tinha uma equipe com atletas medianos e esforçados, planejamento e vontade de vencer. Ah! Tinha um moleque chamado Pato, um Luiz e um Gabiru. E aí consiste a grande lição. Futebol é união, talento e perseverança.
De um lado, semideuses e milionários. Do outro, gaúchos, gauchos e uma gana missioneira. E uma legião de corações esperançosos e convictos. Haja coração e água quente para o mate.
Essa vitória foi memorável. Ruiu um castelo medieval. Há algo de ar nesse sólido que desmanchamos e felicidade nesse desbravado oriente. Em 1957 Nélson Silva previu essa conquista quando compôs “Celeiro de Ases”. Nos versos “Levas a plagas distantes” e “Correm os anos surge o amanhã, radioso de luz” definem algo do longínquo Japão e o sol como testemunha da vitória.
Enfim, o importante nisso tudo é que o Internacional está com uma base estável para o próximo ano. Colorado! Prepare seu coração para as emoções em 2007.
Na ceia de natal teremos peru assado e no ano que vem, para o craque ficar no Beira-Rio, o Internacional vai pagar o Pato, literalmente.