O ex-juiz Nicolau alegou que os dólares encontrados em sua conta no exterior vieram de herança de família. Mais precisamente de um tio que, por sinal, exerceria a profissão de alfaiate, acostumado, portanto, a vestir as pessoas de colarinho branco. O ex-deputado João Alves, aquele do grupo dos anões do orçamento, fez alegação semelhante sobre seu enriquecimento repentino. Apelou para a autoridade maior e disse que não teve culpa de Deus ter resolvido ajudá-lo, fazendo com que ganhasse mais de vinte vezes na loteria esportiva. A CPI do orçamento não encontrou Deus para fazer a acareação e o assunto foi encerrado. Como o alfaiate está morto, muito provavelmente o assunto Nicolau será, também, encerrado. A menos que se descubra onde está o restante do dinheiro desviado, já que, segundo o ex-senador Luiz Estevão, até agora só foi encontrado, apenas, cerca de 23 milhões nas mãos do ex-juiz Nicolau. Do jeito que a coisa anda, daqui a pouco vão dizer que a culpa é da imprensa ou do Ministério Público, que inventam escândalos para confundir a opinião pública. Ou de nossa legislação penal, que permite o perjúrio e o silêncio em benefício da dúvida.
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