Nada pode abalar as festas do final de ano. Afinal, o turismo move o Rio e não convém aos governantes agirem com determinação nessa hora. O que passou, passou. Não tem como voltar e apagar o fogo nos ônibus, não tem como salvar as vítimas... A vida continua e o sol de Copacabana ainda tem o encanto de mil sóis e o povo, em sua maioria, quer mais é festa. Os turistas querem mais é se divertir e gastar.
Vejam só... Hoje reina a calmaria e, enquanto durar a festa, a polícia estará de plantão, pronta para impedir qualquer manifestação que possa trazer prejuízo na arrecadação Municipal... Estadual... Federal...
No hospital, morre mais uma vítima... Ah! Somente mais uma família em prantos... Nada que afete os cofres públicos. Afinal, para morrer também se paga imposto, funerária, jazigo, flores...
Mundo louco!
Enquanto isso, a garota, que não é a garota de Ipanema, mas uma bela modelo paulista que estava somente de passagem pelo Rio, sofre com as queimaduras em um hospital.
Será que ouvirá os fogos?...
Falta pouco para o ano novo. Novo?... Mundo louco!
Quem inventou essa máquina macabra chamada relógio? Quem inventou esse marcador de tempo chamado calendário? Mundo louco!
Tsunami. Quem se lembra?... Não faz tanto tempo assim.
Bateau Mouche...
- “Qual é o nosso limite?” - Ouvi hoje de um parente de vítima.
Os palcos estão prontos e esperam pelos shows.
As balsas estão a postos, à espera do segundo ditado pelo relógio.
Oferendas ao mar e um pão-de-açúcar para adoçar a boca do bêbado que caminha pela orla, à procura dos valores perdidos. Somente ele sabe o limite mas, quem acredita em poesia?
- "Mundo louco!" - Diz o bêbado e louco.
Em 2007 tem os Jogos Pan-americanos.
Em 2014, Copa do Mundo...
Muita festa, muita arrecadação, muitos votos...
O mundo, feio, e o Rio de Janeiro, lindo.
- "Ou não?" - pergunta o bêbado ao Maracanã...
|