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Artigos-->Está tudo sob controle. Inclusive na "Terra Santa". -- 27/12/2006 - 20:38 (Sereno Hopefaith) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Número do Registro de Direito Autoral:130951824630473900
A vivência do mal é necessária? Ou apenas inevitável? Isso porque há momentos em que a pessoa deseja ser real, legítima, genuína com relação ao contexto em que sobrevive. Há a nostalgia por uma identidade de comportamento que inclui, segundo Berdiaev, afirmando a subjetividade do personagem Raskólhnikov na literatura de Dostoiévsky, a atitude complexa em relação ao mal. É a partir do estigma do imaginário pessoal doentio do estudante Raskólhnikov, que a patologia social se manifesta. Ele representa o estigma individualizado dessa patologia. E é através da tentativa vã de superá-la, que ele engendra uma maneira deplorável de dominá-la e termina sujeitando-se provisoriamente a ela: os crimes que acabam por vitimar Alíona Ivânovna, a agiota, e sua irmã, Isabel.



O mal é sempre um estado mórbido: deve ser exposto e destruído. De outro lado, o mal é uma experiência espiritual do homem. É parte do homem ousar ser enriquecido pela experiência de vivê-lo.



Não é o mal em si mesmo que enriquece o homem. Ele é enriquecido pela experiência espiritual que se define enquanto domínio do mal. Superação do mesmo. Ele põe o livre-arbítrio do homem à prova. Bem e mal são conceitos maniqueístas, segundo os quais o Universo foi criado e é dominado por dois princípios antagônicos irredutíveis: Deus, bem absoluto versus Satã, mal absoluto.



Maniqueísmo, doutrina do século III, criada pelo persa Mani ou Manes, sobre a qual foi instituída uma seita religiosa. O maniqueísmo das religiões cristãs são os princípios da divindade: os desvios do caminho que elas ensinam, afastam o neófito dos ensinamentos da senda a seguir: “Ama ao próximo como a ti mesmo”. Simples como a simplicidade



Princípios são panacéias morais, discursos de palanque, mandamentos bíblicos, decálogos, normas, preceitos, regras, leis. Conhecidos. Raramente praticados. A natureza humana contenta-se em engolir e mastigar por algum tempo essas indicações de comportamento. Elas costumam sair, talvez, pelos mesmos canais por onde saem os alimentos ingeridos nas refeições.



Deveriam ter outro destino que não o sanitário: O aumento da percepção de parte da “espiritualidade luciferina” do mundo do astral. Astral dos vivos, herança dos mortos.



Uma vida humana média talvez não seja suficiente para a absorção do significado deles. Princípios. Por isso a sociedade parece nunca estar apta a resolver seus problemas básicos, os mais comuns. O movimento social pela sobrevivência tende a repetir as seqüências de instintos selvagens que governam a natureza humana desde os tempos dos antigos apartamentos primitivos chamados cavernas. Cavernícolas sofisticados, hoje, os primatas de terno e gravata habitam apartamentos com piscina, sala de musculação e quadra de tênis. O princípio do abrigo é o mesmo: a necessidade de proteção e segurança.



Os ataques dos que querem parte da propriedade dos outros se repetem todos os dias. Basta verificar a quantidade enorme de homicídios, assaltos, seqüestros, roubos, furtos. A matança de antigamente repete-se no limiar do século XXI, como se a civilização não houvesse conquistado nenhum valor de convivência pacífica que valesse ser ensinado pela experiência das relações humanas nas academias de humanas. Sem experiência o conhecimento fica cristalizado na teoria cerimonial. É como se o corpo docente das universidades e outras instituições de ensino estivessem sempre afirmando:



— "Faça o que eu digo mas não faça o que eu faço".



Ou seja, é como se o conhecimento não valesse muita coisa, e só servisse para a pessoa adquirir um pedaço de papel, que nem pode ser usado como higiênico, denominado diploma.



As pessoas precisam arriscar conforme aquele provérbio oriental:



— “Temer é não semear por causa dos pássaros”.



Os valores morais, éticos, os mandamentos bíblicos, na realidade não passam de uma farsa. De um convite para a humanização das relações entre as pessoas. Elas, pessoas, estão mais inclinadas para o lado direito ou o esquerdo do comportamento político, que, afinal das contas, de tão semelhantes, podem ser considerados iguais.



A atividade legal da humanidade é insana. Não melhora com as leis. Estas leis parecem ter sido votadas no "pra lamento" para ajudar toda a espécie de bandidagem a burlar as convenções sociais em proveito próprio. Leis que ajudam principalmente aos criminosos do colarinho branco, facilitando a seus advogados a libertação provisória e definitiva de seus clientes.



Os fiéis das principais religiões, de dentro da capital mais sagrada do planeta, estão sempre atirando para todos os lados, sob a cínica alegação de que estão buscando a paz e nela investindo. Bilhões de pessoas no mundo, de todas as crenças estão vendo esse cinismo bélico todos os dias. Veja-se a invasão do Iraque por "Bush de Blair". O estado institucionalizado do pânico policial. A matança de inocentes sem que haja a devida punição dos criminosos. A "justiça" de "sua majestade" no caso Jean-Charles é exemplar.



Jean-Charles, o brasileiro assassinado pela polícia inglesa sob a alegação de que era criminoso. Vários crimes foram cometidos nesse episódio lamentável, inclusive o posicionamento criminoso de uma arma nas mãos de Jean-Charles pela força policial que queria incriminá-lo como terrorista. Para justificar a matança covarde.



Atualmente as leis protegem mais os infratores do que a sociedade. Os advogados criminais e os estudantes de direito sabem disso. E não fazem nada. Porque se locupletam da situação. É a vigência da "lei de Gérson". Se estiver levando vantagem, tudo bem. Muitos torcem para que os criminosos se multipliquem em quantidade equivalente aos alunos que saem das faculdades de direito no final do período acadêmico de aprendizado.



A sociedade precisa de criminosos, em grande quantidade, do contrário, que farão os novos advogados que saem das esteiras das fábricas de produção em série de estudantes de direito nas faculdades que proliferam como bestas vendendo cachorro quente?



Quem gosta de literatura por vezes lembra Dostoiévsky. Sugere-se à memória o estudante Raskólhnikov. Talvez ele fosse um escritor sensitivo com poderes de penetração na alma pessoal e coletiva dos estudantes futuros da sociedade globalizada pela propaganda fanática do capitalismo selvagem e seu consumismo de shopping center dos corações e mentes standartizados, globalizados.



A força da vida é ir em frente sem mais considerações sobre o que é certo e errado, bom ou mau, convencional ou não. Cada estudante como se fosse um trator desembestado, enlouquecido pela vontade incontrolável de ganhar dinheiro, ganhar dinheiro, ganhar dinheiro, comprar, comprar, comprar, consumir, consumir, consumir. . . A força da vida ditada pela lei única e irrevogável do capitalismo selvagem. Tudo que gera lucro é bom, é justo, está aprovado.



Tanto para o indivíduo educado que se veste à moda do colarinho branco das grifes mais sofisticadas, quanto o pequeno burguês que julga poder chegar, segundo a “Lei de Gérson”, a viver os padrões de consumo da classe que se afirma segundo os padrões de dominação instituídos pela lei, a ordem e o progresso das pessoas habitantes da cidadania do mundo do faz-de-conta. Cidadania que só vale enquanto privilégios e mordomias de autoridades do Judiciário, do Legislativo, do Executivo e em algumas ilhas da fantasia dos industriais, comerciantes e profissionais liberais que levam vantagem.



Cultura e civilização são nomes com sentidos subliminares. Que se deslocam de um para outro nicho social propício à flutuação dos significados. Estímulos insuficientemente intensos para que o indivíduo escolarizado faça uso deles. O efeito desejado é sempre o lucro antecipado, ou a possibilidade dele. O homem moderno é um fantasma dos valores. Não um homem de valores. Os militares, por exemplo, foram criados para manter a perpétua “fraternidade” bélica com o inimigo real ou potencial. Todos parecem “pensar” entre aspas. O aprendizado acadêmico é uma piada de péssimo gosto. O corpo docente das instituições educacionais não pode preparar seus alunos se não está preparado adequadamente para o ensino. A cultura discursiva de mais de noventa por cento dos docentes das instituições ditas "educacionais" é de almanaque.



Alguns professores, os médicos, os educadores, os jornalistas, os economistas, os sociólogos, os governantes: o destino dos homens está nas mãos da ilusão do saber. Com raras exceções, muitos poucos parecem praticar um mínimo suficiente de ações coerentes que justificam, em suas profissões, o juramento ético. Os criminosos existem porque a sociedade parece não mais ter condições de desalojar, de dentro da alma do homem, seus sentimentos de culpa, seus ressentimentos e mágoas.



E o medo e a violência e a baixa qualidade cultural da tv, são os fatores sociais mais responsáveis por esse estado de coisas. Como todos praticamente vêem tv, todos são responsáveis pela baixa determinação cultural de sua programação.



Que esperança pode haver no mundo senão a de manter alguma mínima paz de espírito? Como conseguir alcançar esse objetivo, se as pessoas aceitam passivamente, com servilismo, vergonhosamente, uma sociedade estruturada para o domínio da necessidade de sobrevivência? Se as pessoas aceitam cada dia mais ser mais vulneráveis emocionalmente?



O medo, a ambição, a avareza, perderam a alma do homem para a falta quase que unânime de solidariedade dos poderes para com aqueles que lhes pagam os salários. Quem lhes paga os salários e as mordomias são os milhões e milhões de pessoas que pagam impostos.

Amor é palavra perversa usada por fantasmas que querem se abastecer de sexo, de sexo, de sexo. De mais sexo. Fantasmas lúbricos. Talvez eu seja um deles.



A relação nesse contexto social dantesco se confunde com aversão, avidez, avareza, desprezo pelo próximo. As pessoas usadas como camisinhas de “Psycho Motéis”. Depois da rotina do trabalho, por ser uma atitude "chic , vai trair alguém para manter em dias a ingestão dos comprimidos para emagrecer, ou o viagra para enrijecer. Depois, nesta seqüência, vem a hora de fazer Ioga enquanto produto de uma motivação que nada tem a ver com a criação de um ambiente mental de espiritualidade. Sequer superficial.



As pessoas se parecem julgar mutuamente carentes de afeto, carinho, amor. Não podem, por isso, ofertar nada disso a outras, desde que não possuem esses bens que não são realizáveis com dinheiro, nem comprados na loja de conveniência ou nos supermercados. As pessoas só acreditam nas coisas que podem comprar. Segundo seu poder aquisitivo, quanto maior o preço na etiqueta mais merecimentos julgam ter se levar a coisa para casa. Seja essa coisa uma mulher, uma doméstica, um filho do casal.



Todos cessaram de ser amar e ser amados. Onde está o enlatado com a etiqueta US$ love? Onde comprar amor? Onde há oferta de carinho? Onde a loja que está a oferecer o artigo do dia da ternura? Que liberdade mais escassa não encontrar o enlatado com a etiqueta que se precisa para satisfazer a fome de um pouco de afeto e sentimento? Onde está a grife que ofereça algo mais que aparências e salamaleques cerimoniais?



Chegue mais em sua caverna com antena parabólica, e vá buscar nas prateleiras da geladeira, um pacote de afeição. O consumidor pode correr em direção ao “freezer” gelado, depois de chegar de uma transa num “Psycho Motel”. O casal está tranqüilo. Cada qual representou a ilusão da moda, representou ser a mercadoria descartável. Todos estão mais ou menos intranqüilos. A recíproca foi verdadeira.



Há algo cada vez mais insano na máquina que fabrica tristeza e emoções enlatadas em estados mentais fixados na repetição do distúrbio emocional alimentado no dia anterior. Por vezes provoca tremenda deprê. A deprê faz parte da fenomenologia “chic”, das leis abstratas da reciprocidade de intenções sub-reptícias nas relações da cidade de carne. Elas são poéticas conforme o tempo solar, ou lunar. A satanização emocional de todos por todos é a lei.



Hoje, mais tarde, no “Psycho Motel?” A diferença de potencial emocional vai manter seu “State of Mind” em plena forma para a rotina do dia de amanhã.



Amanhã, ou no fim de semana, quem você vai escolher para contigo solapar, molestar, trair, degradar? Transgredir?



Os fantasmas são semelhantes, produzem apenas desarmonia, ou a harmonia pedante. Falsa. As vias dos shoppings center dos corações solitários estão repletas dessa gente boa, que não anseia por mais nada, exceto ser ninguém. De volta ao apartamento, não adianta correr para o apoio do come-come gelado, das imagens de tv, a empatia com o personagem sossegado. Não haverá o alimento adequado para as emoções de cimento. Armado.



No vídeo, nos canais de tv a cabo, os AR-15 estão crepitando lado a lado. Ambos os lados com seus cadáveres vestidos de sangue. Não haverá um dia, um único dia, em que poderá vir a ser agradável memorizar essas coisas tão rotineiras para as pessoas da sala de jantar. As mulheres se consolam comprando um par de brincos, uma pulseira energizada pelo guru da loja esotérica. Shamballah vai te ajudar. Oxalá. Ou um banho de sal grosso. Talvez um “chanel five” seja mais adequado.



Numa tarde bucólica de um fim de semana, quem sabe o mais recente livro do Paulo Coelho, do Decio One, ou a palestra do Lair Ribeiro, ajudem você a salvar seu dia entregue às rotinas no espelho do toalete? Quem sabe haja uma carta na guarita para você ler e manter a ilusão de que alguém longe e solitário lembrou-se de você? O mundo do faz de conta deve continuar. O show da ilusão precisa prosseguir acontecendo.



Sobra sempre alguma coisa boa no fim do dia. O silêncio de uma cama confortável. Os intestinos funcionando em dia. O sorvete proibido no congelador. O doce sorriso ao sentir o sabor gostoso de esconder as coisas mais essenciais da criatura que você é, no olho mágico da serpente. Você faz isso todos os dias tão bem.



Ligue-se na sonoridade esotérica do canal musical da “Direct Tv”. Sinta-se uma pessoa segura: amanhã seu emprego espera por você no mesmo lugar de sempre. Você sorrir satisfeita. Afinal, imagina que não é parte de toda a criminalidade que pulula nas ruas, praças e avenidas da cidade. Que possivelmente está esperando por você na calçada. E basta esticar o braço para pegar a ferramenta fálica.



Alguém está roubando seu carro agora. Que importa? No seguro. O mundo pára você. Esse mundo chuchu beleza. Segure-se na parede mais próxima. Agarre-se aos lençóis. Ranja os dentes. Motive ainda mais a patologia cromagnon com outra carreirinha de coca.



Talvez o mundo esteja girando um pouco depressa demais para você descobrir quem está a movê-lo. Como uma criança na terra santa da disneylândia da libido, você se dirige até o apartamento do “Psycho Motel” outra vez. E se repete, como a namorada de Peter Pan. E ninguém pode dizer nada senão você ataca com três moedas na mão. Ou pedras. Insegura como uma criança num quarto de astral padronizado como em “O Estranho no Ninho”. Quisera-se talvez Alice no País das Maravilhas. Conseguiu apenas a fantasmagoria de um Inferno de espíritos. De espelhos: Como a Julieta de Federico Fellini.



Vontade de dizer: "Leia um livro".



— Você não tem tempo.



— Nem paciência.



Você está possessa pelos mil demônios diários do consumismo.

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