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cronicas-->O INVEJOSO NA LIVRARIA -- 15/02/2002 - 03:52 (Marcelino Rodriguez) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O INVEJOSO NA LIVRARIA

Vejo o livro da minha amiga Nancy Zeitone nas livrarias e sinto um mixto de orgulho e inveja. Vejo o de outro conhecido, que não sei se é um amigo propriamente (a não ser que eu dê aqui uma de otimista milagroso e saia acreditando que todo mundo que conheço tornou-se meu amigo). E pensei que tentei um contato com a distribuidora da amiga, mas ela (a empresária) não se dignou sequer a saber que tipo de proposta eu teria para lhe fazer. Julgou-me indecente antes da cantada e ignorou telefonema e email, como se eu não existisse.
É assim a vida dos negócios, uns fechando a porta na cara dos outros. Tem gente que pensa que o mundo é pequeno e que se deixar alguém entrar, vai acabar o espaço. Lamentável.
Comecei a invejar outros, aos montes, João Ubaldo Ribeiro em Berlim, elegantemente fotografado pela mulher ; as outras pessoas que estavam na livraria e não eram escritores, e percebi que realmente eu estava à margem, um estrangeiro numa terra estrangeira. O jeito foi engolir seco a revolta e resignar-me a voltar para casa, o mais solitário e triste dos homens, depois de ler algumas páginas sobre o budismo.
Não tem sido boa para mim, ao menos como eu desejara, a comunidade humana. Meu trabalho tem sido minha humilhação, e o medo eterno de não ter meios suficientes para salvar a vida acorda, passa o dia e dorme comigo.
É duro ser duro nesse sistema de compra e venda de pessoas.
Se você está duro, ninguém quer te comprar ou te vender; você não existe e bem poderia ser atirado na lata do lixo, para evitar transtornos à vida e não ficar vagando nesse contumaz purgatório.
Talvez a minha fé seja pequena, principalmente nos homens, com os quais raramente tenho assunto útil a tratar.
Penso que, se fosse possível, atualmente, distribuir as pessoas tudo que fosse necessário a sua sobrevivência, sem que elas dependessem uma das outras, viveríamos como eremitas silenciosos, arrogantes e indiferentes. Seria um outro tipo de inferno, o da segurança. Veríamos muita gente que hoje está cercada de gente, abandonada de uma hora para outra.
Talvez, se fosse assim, seria melhor para nós do que ficar esperando uma migalha de amor ou misericórdia que virá Deus sabe por quem e em que hora.
Mesmo quando temos a dar, há muita gente não querendo receber. Mais ainda a quantidade dos que não querem dar nada.
Enquanto isso, vagamos pela vida, sem saber direito pra que e sentindo a insipidez dos dias.

31/01/2002










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