E recebo por e-meio
a mensagem sem um dono,
que, a propósito veio,
para me tirar o sono.
O cara as aspas meteu
e soltou logo a borduna.
Diz que de um livro leu
parecer, que é fortuna.
Curso de Direito Civil,
no Direito de Família,
volume dois, repetiu,
mas, apenas uma via.
Washington B. Monteiro
é o ilustre autor.
Tira da alma cobreiro
do infiel infrator.
Mesmo sem ser um psicólogo,
diz que dúvida não há,
quando surgir o monólogo
você vai desconfiar.
Mais grave é, na mulher,
adultério corriqueiro.
No homem que a foder,
é capricho passageiro.
Mas, o adultério desta,
ao revés, vem demonstrar
que o seu lar se infesta,
nada vai remediar.
Ou seja, para cornudo
que, também, é infiel,
a traição não é tudo,
em si mesmo não é réu.
A ela cabe o sentir,
quando com outro copula,
e, também, pode mentir,
mas, seu filho não anula.
Quem mantém adulterino
é o chifrudo que trai.
Mais imoral e ferino,
o dolo nela recai.
Já o filho do galhudo,
feito na sua amante,
a mulher põe um escudo:
quem mantém é ignorante.
Ou seja, a traidora
traz para o seu marido
um peso que vem de fora,
um encargo indevido.
E, por seu turno, o corno
não sustenta o menino,
feito em dia de morno,
quando se deu o pepino.
Assim, a sociedade
não perdoa a primeira,
vê com mais severidade
adultério sem peneira.
O cara é mesmo gênio,
diz quem as aspas fechou,
pode até ser o Ênio,
mas, garantias não dou.
Diz que, agora, tem base
jurídica para noitadas.
Ser infiel é só fase
de jejum para coitadas.
O homem é caprichoso
infiel, só de passagem.
Faz só porque é gostoso,
e não faz por sacanagem.
Só sei que o tal de e-mílio
foi checado, protegido,
e não sei de quem é filho,
mas da caixa foi banido.
Quem manter o dito-cujo,
na caixa de entrada,
é porque já está sujo,
já fez alguma noitada.
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