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Humor-->Os furúnculos de Marx -- 21/06/2002 - 19:01 (Athos Ronaldo Miralha da Cunha) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Karl Marx estava impaciente, incomodado com os destinos da humanidade, caminhava de um lado ao outro no aconchegante escritório. Por alguns instantes postou-se em frente à janela, cruzou os braços e ficou contemplando a paisagem. Uma bucólica imagem moldava a tarde primaveril azul esverdeada de campos e céu aberto. O dia estava calmo, manso. O vento acariciava mansamente as roupas no varal e pouco movimento dava as folhas nos arvoredos. À sombra de uma paineira, dois trabalhadores rurais conversavam. Um deles sentado e escorado no tronco da árvore o outro debruçado sobre o cabo da enxada. Observando aquela cena por vários minutos, balançando a cabeça e passando a mão em sua barba, rosnou alguma coisa a esmo.
- Trabalhadores...
Virou-se e caminhou até a sua mesa de trabalho. Ajeitou delicadamente as duas almofadas encarnadas sobre a cadeira. Novamente comentou em voz alta.
- Qualquer dia desses os furúnculos se juntarão e minha bunda será um furúnculo só. Vai ser o retrato do inferno. - Riu de seu próprio infortúnio.
Ligou o computador e ajeitou cuidadosamente o teclado. Aqui abro parênteses. (Marx era uma pessoa adiante de seu tempo. Para escrever o que ele escreveu, não tenho dúvidas, usava um microcomputador. Naquela época era chamado de terminal de recepção e emissão de mensagens escritas. Posteriormente popularizou-se o uso do termo computador. O velho Marx gostava de usar tecnologia de ponta. Logicamente, este aparelho era emprestado por Engels)
Abriu o editor de textos e digitou uma frase que num primeiro momento pareceu incompleta.
“Trabalhadores do mundo!” Ficou escrita no vídeo negro em frente de Marx.
Marx ficou estático olhando para o visor. Apenas três palavras verdes na tela, um fundo preto fazia o contraste. Acima à esquerda o cursor piscava incessantemente.
Momentaneamente, Karl Marx, desvia o olhar para a Mona Lisa, um quadro na parede do escritório. Outro presente de seu grande e fiel amigo Friedrich Engels. O olhar matreiro de La Gioconda excitava-o, como Jenny estava viajando e só voltaria na semana seguinte, Marx não teve dívidas. Iria fazer uma visita ao quarto da empregada.
- Será que a Dosa está em casa? - Indagou-se em pensamento.
Dosa era como Marx chamava, carinhosamente, a empregada doméstica.
Trabalhadores do mundo... – ficou na tela à espera do Velho Karl Marx.
Levantou-se e rumou rapidamente para o quarto da Dosa. Ansioso, esqueceu-se do seu martírio, os indesejáveis furúnculos a flor da pele. Karl orgulhava-se de pagar para sua secretária, uma vez e meia o salário mínimo regional. O maior salário pago a uma empregada doméstica em toda província. Em contrapartida, a Dosa aceitava-o na intimidade. Na paz e no aconchego do quarto. Em carícias embaixo do lençol.
No pequeno aposento a Dosa estava vendo um programa de arte culinária no aparelho receptor de imagens em preto e branco. Abro outro parêntese. (Na casa dos Marx, os empregados também usufruíam das facilidades tecnológicas. Aparelho este também emprestado por Friedrich Engels).
A Dosa, sempre solícita, percebeu os desejos libidinosos do patrão. Com rapidez aprontou-se e, dengosa, esticou-se na cama. Por motivos óbvios, Marx sempre ficava por cima. Após aquela meia hora de prazer, Dosa murmura roçando os lábios no ouvido de Karl e acariciando a volumosa melena prateada.
- Karl, vamos nos unir?
- Unir? Unir! Uni-vos! Descobri!
- O que foi Karl?
- Uni-vos! Uni-vos!
E se foi pelado, saltitante pela casa adentro, direto para o computador. Esquecendo-se de seus furúnculos, sentou-se abruptamente sobre as almofadas na cadeira.
- Huugrouaaahhh!
Do quarto a Dosa ouviu o gemido de dor do patrão.
Marx estava eufórico com a descoberta e completou a frase que entraria para a história dos movimentos sociais. Uma frase que seria recitada em todos os encontros de trabalhadores em qualquer lugar desse mundo. Provavelmente o maior legado do velho comunista.
“Trabalhadores do mundo! Uni-vos!”
Em minutos, a prestativa e solícita empregada adentra no escritório com gaze e mercúrio cromo para fazer os curativos em Karl. Enquanto a Dosa trabalhava em sua bunda para fazer a higiene dos furúnculos, Marx, debruçado sobre a escrivaninha, era a euforia absoluta. Uma alegria de menino tomava conta daquele corpanzil branquela do filósofo e idealizador do Materialismo Dialético.
- Karl, amanhã vou te levar ao médico, lá na capital, isso está ficando muito feio. Tua bunda está totalmente carcomida, carepenta. Vou marcar uma consulta com o doutor.
- Lá na capital? Capital... capital...hum! hum! Capital... interessante! Huugrouaaahhh!
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