Ele é de bom tamanho.Um armário embutido,có
moda com espelho e ar condicionado que aqui faz muito calor.Às vezes parece pequeno,outras grande demais.Pequeno quando o cumulo com todos os meus sonhos;são bem maiores do que ele comporta.Grande
quando os sonhos se vão e na sua quietude me sinto sozinha.E nesta desproporção entre ele e eu,me sinto criança indefesa,medrosa,impotente e angustiada ante minhas carências.Olhos fixos,procuro ver cada detalhe na sua penumbra e rolo na cama que também cresceu. Ouço vozes lá longe,quero identificá-las,não as reconheço.Queria poder telefonar,ouvir uma voz amiga,mas a quem?Pensamentos pululam na minha cabeça,visito minha infància,paro incontinenti,melhor não revolver o passado.Enfim consigo dormir.
O novo dia me encontra deprimida,olhar perdido como que pedindo licença para viver.Mquinalmente visto-me para sair,olho-me no espelho e não me vejo,ajeito aquela mecha branca que teima em ficar à mostra,tomo meu café e decido encarar o dia.Lá fora esqueço a noite e caio na rotina.
Mas se eu o vejo,sinto-me renascer.Volto para casa feliz e meu quarto é pequeno para tantos sonhos.Porém isso passa rápido:a felicidade é lampejo e é implacável com os hesitantes.
Então compreendo que o meu quarto sou eu,o meu reflexo e nele espelho o meu interior.
O meu quarto é o termómetro das minhas emoções.
HOJE ELE ESTÁ IMENSO! |