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Cordel-->Carta-Cordel a Jesus Cristo no Céu de Paulo Nunes Batista -- 21/12/2002 - 13:55 (m.s.cardoso xavier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Carta-Cordel de Repente
A Jesus Cristo – no Céu
Paulo Nunes Batista*

Amado Mestre Jesus:
Sua Bênção! Saudações!
Mando esta carta em cordel
Relatando as provações
Por que passa este planeta...
Parece até que o Capeta
É quem governa as Nações!...

Em todas as direções
Que se olhar, aqui na Terra-
No litoral, nos sertões,
Em vale, chapada ou serra-
A Humanidade-sem fé-
Traz- a descrença no pé
E traz- na cabeça- a guerra!...

Por prazer o homem erra
Explorando os irmãos seus:
Milhões de “religiosos”
Não passam, no fim, de ateus-
Desde o mendigo ao nababo:
Acendem uma vela ao Diabo
E acendem outra vela a Deus!...

Dos mais ricos aos plebeus,
Todos só querem gozar...
Quem tem- vive à tripa forra!
Quem não tem- pensa em tomar...
Sem Deus, sem paz, sem Justiça-
Vê-se a mola da Cobiça
Fazendo o mundo girar!...

O famoso verbo amar
Não tem mais sentido ou nexo.
O mundo que o homem fez
É caótico e complexo.
Por todo lado, o que vejo
É- em vez de Amor – o Desejo!
Amar – virou “fazer sexo”...

Aperta o Povo no amplexo
O Polvo da Violência,
Afogando a Humanidade
No mar da Concupiscência...
E o homem, cego sem guia,
No chão da Pornografia
Emporcalha a Inteligência!...

Intriga, Maledicência,
Mentira, calúnia, engodo,
Falso testemunho, injúria
Vão-nos cobrindo de lodo...
Do mais descrente ao “devoto”-
Só pensam: acertar na Loto
E ganhar dinheiro a rodo...

Não tem esse e aquele – é todo
Mundo na mesmas pisada:
Dando tudo ao Satanás...
Para o Cristo – a mão fechada...
Os pecados nos consomem:
A mulher virando homem
O homem não valendo nada!...

A juventude- dopada
Com maconha e cocaína...
O rato Rock – roendo
A pureza da menina...
No cinema e na TV
E o que se escuta e se vê
Conduz ao crime e à ruína...

A vergonha feminina
Desceu por águas abaixo:
As mulheres mostram tudo
Que têm por cima e por baixo!
Chegou-se ao fundo do poço:
Mulher ta falando grosso
E ainda aí bancando macho!...

Diz o marido: - Ô diacho!
Eu caí num alçapão!
Pensei casar com uma moça-
Me casei com um sapatão!
Desta vez eu me lasquei,
Pois – minha mulher é “gay”...
Vejam que situação!...

E vai nesta confusão
A vida do dia-a-dia:
A família se desmancha
Igual a sabão na pia...
Filho não respeita pai
E este mundo velho vai
Se acabando na anarquia...

Marajá e mordomia
Explodem pelo Brasil:
Milhões – vivem na miséria,
Numa sub-vida vil...
Nas favelas e alagados
Levas de desempregados
São de pólvora um barril...

Com salário de 70
Reiais apenas, coitados,
Os nossos Trabalhadores
Só vivem crucificados-
Pregados na Cruz da Fome,
Que dia a dia consome
Nossos assalariados!...

Camponeses explorados,
Já cansados de sofrer,
Se mudam para as cidades
Tentando sobreviver...
Famintos, de tudo faltos...
Ondas de crimes e assaltos
Só podem mesmo crescer...

Menores se podem ver
Aos magotes, pelas ruas,
Oferecendo a quem paga
Seus vícios e as carnes suas...
No balcão do Meretrício
A menina aprende o ofício
Das artimanhas mais cruas...

Há crianças semi-nuas,
Famintas, desgraçadinhas-
Esses órfãos de pais vivos-
Seguindo as trilhas mesquinhas
Do Roubo, da mendicância...
A miséria mói a Infância
E fabrica os “trombadinhas”...

Milhares de criancinhas
Não têm leite, perdem a vida-
Porém, não falta alimento
Pros cavalos de corrida
E pros cachorros de luxo...
Mas,m o pobre seca o bucho-
Morre à mingua de comida!...

A terra está poluída
Pela Mão da Cupidez...
Deus fez a terra bonita.
Mas, a humana Insensatez
Sujou rios, matou matas...
Onde o homem pôs as patas-
As Obras de Deus desfez!...

É dia, é semana, é mês
Agredindo a natureza,
Alterando a Ecologia,
Disseminando Impureza,
Vão, por séculos seguidos,
Os homens, enlouquecidos,
Matando a paz e a Beleza!...

Dos Incêndios vê-se, acesa,
A avalancha colossal,
Dizimando, no planeta,
A riqueza vegetal!
A humanidade anda perto
De transformar num deserto
Nosso globo terreal!...

Arsenal mais arsenal
Dos artefatos da Morte
O homem plantou pelo mundo...
Rússia, América do Norte,
França, Alemanha, Inglaterra,
China, Japão- plantam a guerra:
Impera a “lei do mais forte”!...

O homem lançou sua sorte
Em nosso mundo moderno:
Em vez de seguir pro céu-
Enveredou para o Inferno:
Caos que ele mesmo constrói
A cada vez que destrói
As Maravilhas do Eterno!...

Vem verão e vai inverno
E nada do homem seguir
As Leis Cósmicas, Divinas:
Continua a poluir
As águas, o ar, o solo-
Matando, de pólo a pólo,
Tudo o que possa existir...

Já não se consegue ouvir
O canto de um sabiá,
De um canário, um pitassilgo,
Um curió...O que há
Pra se ouvir é urro, é berro
De vapor, de trem de ferro
Cruzando pra lá, pra cá...

Estrondos de “bomba H”
Sacudindo a atmosfera...
Gritos, apitos, buzinas...
Como é que o homem espera
Ter no mundo alguma paz
Se tudo quanto ele faz
Só dá força à Besta-Fera?!...

Honestidade? Já era!
Honra? – é conversa de antanho!
Só o lucro é que interessa-
Todos só pensam no ganho...
A Corrupção campeia...
E do Crime a maré-cheia
Hoje não tem mais tamanho!...

Não há nada mais estranho
Para nossa Humanidade
Do que seja um homem bom,
Uma vida de bondade...
Por isso- mataram Gandhi,
A luminosa “alma grande”
Que amava a paz e a verdade!...

A humana perversidade
Não suporta a grande Luz
De um Gandhi, de um Luther King...
Antes – pregava na cruz...
Hoje, na base da bala
É que a Voz do Amor se cala...
Amado Mestre Jesus!

Hoje o que mais se produz
É o mal do Rock e seu rol...
É coca-cola, é chiclete...
Pinga, droga, futebol...
Brasil norte-americano,
Vais entrando pelo cano,
Seja com chuva ou com sol...

Do jeito de um caracol
O Brasil tá enrolado...
Por isso, o Nó do Nordeste
Não pode ser desatado...
Brasil da Dívida Externa
Que virou Dívida Eterna...
Norteamericanalhado!...

Emperrado, encalacrado,
Devendo mais do que tem...
O ame e o ri – ficam lá:
Só o cano é que nos vem...
Então, é o jeito que temos:
Não pagar o que devemos...
É dar o cano, também...

Só as Potências do Além
Podem salvar um país
Onde a “Pulítika” mais
Parece uma meretriz
Se vendendo a quem der mais...
E os brios nacionais
Apodrecem na raiz!...

Toda a imprensa em peso diz
Que, no Rio de Janeiro,
A “Polícia”vende armas
Pra bandido e maconheiro,
Dando força a traficante,
Munição para assaltante,
Proteção pra pistoleiro...

Como pode o brasileiro
Suportar tamanho acinte?
É o Dinheiro corrompendo
O Poder por conseguinte,
Que está podrem desde a base...
Não há um só órgão, quase,
Onde a Indecência não pinte!...

Será que a Constituinte
Vai mesmo nos dar a lei
Pra mudar este Brasil?
Sinceramente, não sei!...
Sei que a Politicanalha
Vende, corrompe avacalha
Este ex-Brasil do Sarney!...

Nesta carta eu procurei
Dizer o que aqui se passa...
Noutros países do mundo
Pode ser que algo se faça
Pra salvar a Humanidade-
Que vive na Iniquidade,
Cavando a própria Desgraça!...

Ergui, na oportunidade,
Somente a ponta do véu...
Deus – Juiz que sabe tudo –
É quem vai julgar o réu-
O homem – esse Delinqüente
Que vive constantemente,
Fechando as portas do Céu!...

Vai cordel, vagando ao léu...
Talvez quem te passe a vista-
Reconhecendo seus erros-
Resolva mudar de pista...
Jesus, receba, no Espaço,
O mais respeitoso Abraço
Do PaulO NunEs BaTista.
Anápolis, 22/9/87.
*Paulo Nunes Batista 77 anos - é poeta popular e erudito e escritor; autor de vários livros (em poesia e prosa) e inúmeros cordéis, folhas volantes e ABCs. Paraibano, descendente de uma família paraibana, de grandes poetas e repentistas, radicado em Anápolis-Go há quarenta anos. Já morou em diversas capitais brasileiras, batalhando a vida. Antigo militante do PCB de 1946 a 1952, chegou a ser preso. Hoje, espírita. Formado em Direito. Pertence a Academia Goiana de Letras, em cuja posse, fez o discurso rimado. Tem publicações espalhadas pela imprensa do país e em Portugal, onde já representou o Brasil no cordel.




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