Publicado no jornal O POVO, dia 11 de dezembro de 2006.
Michel Pinheiro, juiz em Tauá e ex-presidente da ACM
Repetidas reclamações têm sido auscultadas nos corredores do imenso fórum de Fortaleza, Clóvis Beviláqua, diante do calor impiedoso que turva o juízo das pessoas que vão e ele em busca de informações sobre seus processos. Os advogados sofrem muito também, pois ainda permanece a cultural de que as audiências só se realizam com uso de paletó – este que é herança do gélido continente europeu a se revelar inadequada em nossas ensolaradas comunas. É, de fato, desanimador, pois cediço é que somente as salas destinadas privativamente às atividades forenses das varas têm circulação de ar-condicionado. Essa insuportabilidade não pode permanecer. Urge que se iniciem estudos para melhorar a circulação de ar naquele complexo, com a instalação de exaustores e saídas em diversas partes do teto para liberar o calor. Afinal, o ar quente busca sempre subir – experimento da Física que faz com que os grandes balões trilhem suas veredas no céu. Talvez seja esta a forma mais econômica de reduzir os efeitos escaldantes vivenciados diariamente. Mas melhor seria se fosse adotado ar-condicionado central em todos os ambientes, incluindo os corredores que dão acesso às varas, medida talvez inviável diante do elevado custo operacional, principalmente de energia elétrica. Mas o povo – verdadeiro destinatário da prestação jurisdicional – não pode ser esquecido, pois é para ele que existem os órgãos da justiça. Todos sabem que, em decorrência do elevado número de processos, há casos em que pessoas têm esperado por longos minutos – no calor – a realização de atos audienciais. A busca pela eficiência nas atividades jurisdicionais passa, necessariamente, pela preocupação com a promoção do mínimo de conforto a todos que procuram o Judiciário. A Ordem dos Advogados já deveria ter envidado movimento com este objetivo. Que se faça pesquisa entre os advogados. Eles vão dizer o que pensam do assunto !!!