Cordão, guita ou barbante
De versos, o dicionário
Em domínio literário
Por snobismo impante
Não considera importante
A rimação popular
Que do chão solta no ar
Palavras feitas de pele
Em bem tecido Cordel
Com motejo salutar.
A arte de bem ligar
O verso ao sabor da rima
Se um dia der obra prima
Com pedestal e altar
Terá decerto d entrar
Pela porta principal
Como Lula tal e qual
Do seio da sua gente
Foi tecido presidente
Por um Cordel genial.
No Brasil e em Portugal
O gosto de versejar
Caiu no saco vulgar
Do ridículo banal
Rotulado de boçal
E de baixa condição
Por aqueles que não são
Filhos do povo em Cordel
Mas vivem em nome dele
Uma vida de estadão.
Releve-se a excepção
Dum ou doutro sapiente
Cujo saber eminente
Em dedicada paixão
Luta contra a extinção
Do poeta popular
À beirinha de chegar
Por triste e magro pataco
A curioso macaco
Na jaula a gesticular.
Por isso estou a dar
À Usina parabens
Porque entre outros itens
Dá ao Cordel lugar
Onde se pode rimar
Com primor e poesia
A infinita magia
Da lusa língua do povo
Que com feliz Ano Novo
Desejo muita alegria.
Também e por esta via
Aos poetas principais,
Arautos essenciais
Aqui da Lusofonia
Rendo minha simpatia
E louvo com emoção
Reconhecendo que são
Do Cordel em português
Credores de gratas mercês
E justa admiração.