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Discursos-->Posse na academia de letras e música do Brasil -- 03/01/2001 - 22:57 (Leon Frejda Szklarowsky) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
DISCURSO DE POSSE NA ACADEMIA DE LETRAS E MÚSICA DO BRASIL






Estou muito agradecido a Deus, o Grande Arquiteto do Universo, pela graça de me haver propiciado o privilégio de integrar este Elevado Sodalício de Cultura do Brasil, com sede, na nossa querida e sublime Brasília, fundada pelo maior estadista do século, JUSCELINO KUBITSCHEK, há quarenta anos, coincidindo, com o 500º aniversário da descoberta do Brasil, pelos destemidos navegantes lusos, trazendo para cá homens que desbravariam esta terra virgem e imensa e gravariam, para todo o sempre, com o cinzel da fidalguia e do heroísmo, a marca da tolerância que ecoaria mundo afora e serviria de exemplo para os povos da Terra.
É verdade que muitas atrocidades se cometeram contra os índios, os negros e os judeus, mas não menos verdade é que dos nossos ancestrais lusitanos herdou o brasileiro o gosto delicioso da miscigenação e da estratificação social, sem preconceito de raça, cor, origem e religião. Pelo menos aqui, na Terra do Brasil, é uma realidade inconteste.
É verdade que há quem negue, mas a síndrome do racismo é tão nefasta quanto o próprio racismo. Alguém dirá que estou cometendo um eqüívoco, porque existe discriminação e preconceito. Pode até ser que veladamente. Mas não acredito que a maioria comungue com essa tese absurda e doida. E direi, sem receio, que o problema é econômico e social, pois nosso povo é um produto da miscigenação dos vários povos que aqui aportaram e ingressam no Brasil, como o índio, o negro, o judeu, desde a colonização, o árabe, o japonês, o europeu, o asiático, enfim, somos o produto de um mosaico de povos e etnias. Quem poderá atirar a primeira pedra, dizendo-se puro e não provindo dessa mistura? Certamente, ninguém, em sã consciência. Disso podemo-nos orgulhar.
Nem a Europa, nem a América do Norte, o colosso deste novo século e milênio, que se avizinham, ou a Ásia e África, podem-se igualar ao nosso País, apesar da pobreza, da violência, do descalabro e da grita do povo que a tudo assiste com resignação, porque imbuído da vontade férrea de vencer e dotado da bondade e do espírito de resignação, herdados de seus ancestrais.
Ao presidente, meu caro amigo e mestre, o escritor e poeta, Gustavo Dourado, o Amargedom, que sucede a querida presidenta emérita, Palmerinda Donato, atualmente presidindo com garbo a Academia Internacional de Cultura e dirigindo, com o nosso Herivelto, o melhor programa cultural de televisão, e, juntamente com as confreiras e os confrades, permitiram nosso ingresso nesta Casa, estou sumamente grato e sensibilizado, por haverem confiado em nós. Afinal, não pense que eu esqueci que você também é AMARGEDOM e não o ARMAGEDOM bíblico, porque prefere amar e não armar, escrever a nada fazer, poetar e não matar e não pense que eu esqueci que você é um poeta lutador e um gigante na arte de escrever e de conduzir!
Aos estimados, já confrades, MEIRELUCE FERNANDES, PLÍNIO MOSCA, RÔMULO MARINHO E STELA ALEXANDRA RODOPOULOS, minha gratidão, por me haverem elegido para proferir o discurso em seu nome.
Eu, o que menos mereceria fazê-lo, só posso creditar este mandato à amizade e à admiração que lhes tributo pelo muito que são e realizam pela cultura e pela pátria. Creiam ser esta a maior auréola, que recebi em vida, o galardão que me fará lembrar para todo o sempre essa homenagem, que transfiro a vocês e aos nossos amigos deste Templo do Saber e da Cultura.

Minhas queridas confreiras,
Meus queridos confrades,
Minhas amigas,
Meus amigos,

Não é fácil representar escritores, poetas, músicos e teatrólogos, numa festa de confraternização e de gala. O mandato, sabem todos, é um ajuste dos mais importantes e árduos, quando se trata de cumpri-lo, com a grandeza que merecem os mandantes.
E esta Casa de Cultura, jovem, como jovem é a cidade que a abriga, abre suas portas, acende suas luzes, nesta noite de gala, vibra de emoção e realiza sua elevada e nobre missão de espraiar cultura, comungando todos os seres humanos, entrelaçados por um só ideal, nesta terra, predestinada a criar uma nova civilização, num ponto de encontro e união entre os homens. Lembro que esta Casa congrega não só brasilienses, mas brasileiros e estrangeiros, também nossos irmãos, de todos os rincões, e, por isso mesmo, nossa responsabilidade é redobrada, perante o mundo cultural.
Brasília, realmente, está fadada a marcar, com o esforço e a inteligência de seus filhos, o início de um novo ciclo, neste momento em que ninguém mais se entende, a violência campeia, a solidariedade e a moral deixaram de ser o substrato de uma sociedade que se está desmoronando e uma civilização se desmanchando.
Parece, minhas caras amigas, meus caros amigos, que não mais tenho confiança no porvir, não mais enxergo a luz, não vejo as estrelas iluminarem a escuridão do céu com seu brilho luzidio, não percebo a presença do Altíssimo, construtor de toda obra do universo, a beleza da vida e do Espírito.
Não é verdade, pois a vida é o bem maior do Universo.
A vida é uma pequena caminhada, pela Terra.
A vida é um salto rápido, por este mundo.
A vida é o prelúdio da morte, que, certamente, não é o fim.
A vida é o antecedente necessário de um mundo melhor.
A vida é o caminho de comunicação entre o homem e o desconhecido.
A vida é o caminho da purificação, se bem vivida.
E acredito na purificação do homem pelo que ele realiza, pois este é o único ser vivente que pode transformar e modificar a realidade em que vive, de forma consciente. E, por isso, mesmo tudo pode ser transformado, como demonstrou o gênio de Lavoisier. Nada é impossível.
Cabe, assim, à elite pensante fazer a grande revolução da história, neste final de século e início de um novo milênio da era vulgar, neste momento de grandes transformações sociais, científicas e espirituais, como o demonstrou o Forum Mundial Espírito e Ciência, promovido, em outubro, pela Legião da Boa Vontade, sob o comando do grande espiritualista José de Paiva Neto. Não pode aquietar-se nem ficar esparramada no comodismo confortável e simplista.
O escritor, o poeta e o artista têm a grande responsabilidade de, com seu talento, arte e criação, participar ativamente dos grandes movimentos sociais, agindo e atuando sem parar.
Eis o poder de um artista, de um escritor, de um poeta, de um artífice da palavra, de um artesão ou de um ourives da imaginação e da inteligência, o arquiteto de um diálogo, de fatos, teses e, porque não, de novos caminhos e mundos, navegando pelas galáxias da imaginação.
E, então, acredito, sim, na grande virada da civilização. Sou otimista. Sou um grande sonhador, com os pés na realidade. E sabem por que? Porque vejo em toda parte, em todos os cantos do País, em todos os cantões do mundo, em todos os lugares, onde haja seres humanos, pessoas simples, letradas, ricas, pobres, remediadas ou, simplesmente, seres humanos, que querem viver, trabalhar, realizar, criar, enfim, gravar sua presença na Terra, com seus feitos, não importam quais, pois todos temos uma missão a cumprir, desde o agricultor que semeia a terra, o varredor que varre o chão, a mãe que amamenta e acalenta o filho, o pescador que singra os mares, o escultor que cinzela a pedra bruta, o escritor que cria, o poeta que encanta o espírito, o músico que no eleva e conduz ao Senhor do Universo e tantos e tantos anônimos trabalhadores e obreiros que formam as condições de vida para todos. Como poderia, neste brevíssimo tempo ( e não quero e não devo abusar com longo falatório), anunciar a infinidade de atores que participam desta criação?
Haverá, assim, sempre uma esperança, a fé, a alegria de viver. E, aqui, estou rodeado de homens e mulheres de letras, de poetas, de arquitetos da palavra, de músicos ( porque nossa Academia tem este privilégio ) que iluminam a escuridão com a luz incandescente do espírito.
Neste recinto de cultura, ingressam, nesta noite, MEIRELUCE FERNANDES, PLÍNIO MOSCA, RÔMULO MARINHO E STELA ALEXANDRA RODOPOULOS. Todos cultores do espírito e mestres, que, com sua arte e talento, encantam e constróem um novo caminho e um novo edifício, para a humanidade.
Ah, não fiquem aflitos! Não me esqueci de mim. Eu, também, sou convidado para participar, nesta noite, do batismo, mas como aprendiz, como mero estudioso e admirador da arte de vocês todos. Eis que me coloquei na fila, no local que mereço: depois dos meus queridos confrades.

Meireluce, a mascotinha do grupo, ocupa a cadeira patroneada por Cecília Meireles. E não podia ser outra, que não ela, porque as duas artistas se entendem. Ambas fizeram tentativas de compreender a razão da existência humana. Será mera coincidência ou há algo mais que o ser humano ainda não desvendou?
Lembro-me da Meireluce, em sua casa, que se tornou o cantinho dos poetas, quando, então, declamei:
...................................................................................................
Eu estou, sim, com poetas e escritores.
Eu estou, sim, na casa de uma poeta,
A Meireluce que é só flores,
Ao lado de tantos e tantos outros, de mil pendores,
Que fico feliz de estar neste canto de poetas e escritores.
......................................................................................................
Afinal, proclama ela que
"Não é difícil sentir o amor
Quando se ama de verdade
Ele em tudo está presente
Deve-se apenas senti-lo com intensidade
................................................................................."
E a Cecília Meireles estará feliz, contemplando, desde onde se encontra seu espírito de poetiza maior de nosso Brasil, a Meireluce, que também faz poesia e torna a vida mais rica e menos dolorosa. A Cecília é carioquíssima. Viveu somente 64 anos, mas escreveu para eternidade o canto sonoro de sua poesia e também sua luta pela educação, revolucionando e batendo de frente os algozes de então. Mas é na biblioteca infantil que dedica suas energias e vê-se de novo acossada. Ah, se eu pudesse resumir essa poetiza ( por que poeta e não poetiza? ) celestial, diria simplesmente, como Meireluce, é uma enviada de Deus, para serenar a alma humana.

Plínio Mosca, filho do grande tribuno e advogado Hugo Mosca, o menino de ouro, que inovou o teatro brasileiro, revolucionou a técnica, inaugurando, em Brasília, espetáculos de poesia, dentro das salas de teatro. Quem não se lembra de O Poeta é um fingidor, da Floribela, da sessão maldita ou do cinema, com em Louco por Cinema? E o nosso confrade teve a glória de conhecer pessoalmente Marguerite Duras, Ionesco, Samuel Becket, Madeleine Renaud, Jean Louis Barraoult, Ariane Mouchikne e Jean Vouthier.
Mas, minhas queridas e meus queridos, Plínio pode hoje dizer-se feliz, porque ocupará a cadeira que ostenta o nome de uma da mais prendadas atrizes que pisou os palcos brasileiros. Coincidência feliz: um homem de teatro ocupando a cadeira de uma diva do teatro!
Dulcina de Moraes nasceu no Rio de Janeiro, no início deste século (quase outro !!!) e deixou-nos, há seis anos. Pobre e doente, pasmem, na enfermaria do Hospital de Base. Ela, que legou a Brasília a Fundação Brasileira de Teatro e renovou, sem dúvida, a arte de representar. E querem saber como?
Quando fazia turnês pelo Brasil, a cada noite, produzia um espetáculo diferente, fazendo com que os atores decorassem de cinco a sete peças, ensaiassem, apresentando-as durante os espetáculos, à noite. Não importa, que ela tenha morrido pobre, porque rico é seu legado. Imortal e sempre presente em nossos corações. E uma dama não morre jamais!
E até merecidamente deu nome à Escola - Teatro, em Brasília: TEATRO DULCINA DE MORAES.

E, de repente, Rômulo Marinho, advogado, jurista, mas também poeta e compositor, capixaba, nascido, já quase no século passado, nos idos de 1932, quando estourava, na Paulicéia desvairada, naquela época, em que a garoa era sua marca registrada, a revolução que marcaria época, nos anais da liberdade e da luta contra a ditadura e a força, contra o desvario e a loucura que reservaria ao Brasil tempos cinzentos, até que a aurora da liberdade novamente trouxesse ao brasileiro dias mais felizes. Rômulo também é um revolucionário, porque inovou na música e na poesia, em busca da liberdade e do vôo pelas alturas infindas do espírito.
Rômulo, musicista e poeta, faz música e canta. E vai cantar para nós suas canções e até convidou o Luiz Augusto, para esta festa da saudade e da confraria dos poetas e escritores.
Não poderia ocupar outra cadeira que não a patrocinada por Tom Jobin, que nasceu, no Rio de Janeiro, quase na mesma época que seu afiliado e deixou para a posteridade composições e gravações que o brasileiro e o mundo aprenderam a cantar, ouvir, tocar e gravar, para todo o sempre, em seus corações e jamais se esquecerão. Fez parceria com o também inolvidável Vinicius de Moraes, compondo o samba Garota de Ipanema, seu primeiro sucesso internacional. Com Frank Sinatra, também gravou e, com Chico Buarque, com a canção Sabiá, sagrou-se em primeiro lugar no III Festival Internacional da Canção, realizado no Rio de Janeiro. Sua obra é maior que o tempo de que disponho para dele falar. Vem a falecer bem jovem, em Nova Iorque, aos 67 anos, em 1994. Sua lembrança é uma dádiva para os amantes da boa música. E, de onde ele se encontra, estar-se-á encantando com suas músicas jamais esquecidas, porque que fazem todos felizes.

Stela Alexandra Rodopoulos, jovem senhora, que lembra a realeza, pelo pomposo nome grego e a nobreza, pelo espírito e alma juvenil, reside nesta terra do leite e do mel, desde sua fundação, o que lhe dá a primazia de ser a primeira dama da arte de escrever para crianças e encantá-las com suas lindas histórias e até estrear sua peça infantil, no Pátio Brasil, onde, com os atores Néia e Nando, fez tanta criança sorrir. E faz tanta gente grande sorrir também. Hoje, os psicólogos, os educadores e os valentes pais (estes, não se sabe se acham ou não!) dizem que é melhor fazer novela com criança e sexo juntos, com tiros e mortes juntos, com dor e miséria juntos. Mas a Stela diz que não e pronto! Prefere contar que o cavalinho relincha com toda força, para chamar a atenção dos visitantes...E eu, também.
Ou contar que
" Os anjinhos que desceram do firmamento,
enviados por Deus que criou este mundo,
nos guardam dos perigos e nos livram dos
maus pensamentos
............................................"
E assim vai contando, contando e cantando as maravilhas para crianças maravilhadas, extasiadas e contentes, porque é bom viver e, como recitav Martins Fontes, "como é bom ser bom".

Seu patrono, Emílio de Menezes é o grande escritor, bem nutrido, de ventre roliço, glutão como ninguém, não dava trégua à cerveja. Talvez até se imaginasse um irmão da velha Germânia. Ora, também, era grande amigo da culinária. Sua cozinha era ecumênica. Eu também sou ecumênico e, por isso, também me afino com ele! E haverá semelhança entre o padrinho e a afiliada? Sim, é claro, ambos são talentosos. A autora de Chuvinha de Amor jorra seu talento nas historinhas de amor e de bem-aventurança, para crianças de qualquer idade, porque o lirismo e a doçura das suas palavras não escolhem o tempo, já que este é apenas uma parte da eternidade que nunca começa, nunca termina. E o Emílio, sapeca, irônico, gozador, nunca deixou de rir para o mundo com seu ar de gênio e até, já agonizante, com a morte brincou, ao contar para um amigo: "Ih, estou morrendo a prestações." Morreu? Não, não morreu. Vive para sempre.
Quem não gosta do Emílio, com ou sem gorduras, mas sempre com sua língua afiada, ferina, pronta para qualquer embate? Morreu, então? Não, não morreu! E qual a semelhança, afinal? Ora, já disse: o talento e o gênio criador de ambos, sabendo, como ninguém, transmitir com muita graça.

Agora, eu vou falar um pouco de meu patrono, o Gilberto Freyre, que se imortalizou, com Casa Grande e Senzala. Imortal, sim, porque, daqui para frente, como anunciava Nelson Rodrigues, o escritor estará cada vez mais vivo, pois, também profetizou Monteiro Lobato, o Brasil do futuro não será o que os velhos historiadores disserem e os de hoje ainda repetem, mas vai ser o que Gilberto disser. Isto dito, há 56 anos. E, na verdade, esta profecia é tão atual quanto a dos profetas da Bíblia, que não envelhecem nem perdem atualidade.
O grande escritor tem uma característica que me sensibilizou profundamente. E, se quiserem saber porquê, dir-lhes-ei que é pelo seu caráter ecumênico e transcendente, porque ecumênico também sou.
O filósofo, cientista e escritor literário inspira toda a humanidade a atingir um sentido mais claro do seu objetivo e do seu destino. Daí, a universalidade de sua obra. A Comissão Julgadora do Prêmio Aspens, presidida por Lord Franks, da Universidade de Oxford, em 1967, ao lhe conferir a láurea do Instituto Aspens, marcou para sempre a imagem daquele que queria ser apenas escritor e renovaria os estudos brasileiros, de tal modo que a pesquisa e o documento, como discursa Eduardo Portela, passaram a ter um novo sentido, tornando-se a fonte de todas as interpretações das nossas origens e da nossa realidade. E Gilberto rememora que "se verificou entre nós uma profunda confraternização de valores e de sentimentos," plena de lirismo, sempre com festas, batizados, raramente ocorrida em outras partes do planeta.
Com sua morte, o Brasil perdeu um de seus valorosos soldados das letras e do bem, mas no firmamento de astros de primeira grandeza, no Brasil, não se apagou sua luz, porque eterno e fulgurante é seu brilho. Dor e lágrima marcaram a vinda do negro ao Brasil. Não obstante, aqui também vicejou uma nova cultura, uma nova civilização, restaurando-lhe a dignidade, no plano legal, faltando muito para a total libertação no plano sócio - econômico, de que também padece o sofrido povo brasileiro.

Minhas caras amigas e amigos, horas e horas, minutos preciosos, incontáveis segundos, paciência de Jó, seriam necessários, para que eu pudesse transmitir só um pouco da história, da vida e das obras dos meus confrades, das confreiras e dos seus patronos e patronesses, porque bordados de riqueza espiritual, que não cabe nos poucos minutos que me propus discursar, para não furtar-lhes o privilégio de cumprimentarem e abraçarem, efusivamente, os meus confrades e confreiras, que ascendem, neste momento, ao altar deste Sodalício, por onde passaram nomes como Juscelino Kubitschek, o patrono do Instituto Histórico e Geográfico, que nos acolhe e permite usufruirmos destes momentos inesquecíveis.
Rendo, então, minhas homenagens ao confrade Affonso Heliodoro, presidente deste Templo de Cultura, à Agnês, ao Lobato e aos gentis professores da Casa, que não pouparam esforços, para que esta festa se realizasse com tanta alegria e fartura de felicidade, nesta sede de Cultura que também é nossa.
Aos confrades e confreiras, que me permitiram falar em seu nome, novamente lhes repito que, se não fiz melhor, foi devido à minha pobreza e emoção de espírito, mas tenham certeza, fi-lo de coração.
E assim agradeço-lhes este fidalgo e soberbo compromisso, que me enriqueceu de satisfação e júbilo. Tomo goles de alegria, como se bebesse o néctar dos deuses.
Antes de terminar, porém, permito-me, recordar, neste resplandecente ambiente, onde todos estamos a nos regozijar, que
o ser humano não vive só,
é um ser gregário,
que estende a mão ao outro,
entrelaça suas mãos,
fita seus olhos no infinito
à procura de algo
que lhe está bem próximo - o outro ser.

E estamos todos aqui, juntos!

Muito obrigado a todos.

Muito obrigado, queridas confreiras e queridos confrades, que ornam com sua arte e talento esta Academia.

Muito obrigado, meus quatro fraternos irmãos e irmãs, que, juntos, pedimos passagem para entrar neste Castelo Encantado da Cultura e do Espírito.

E, assim, despeço-me de vocês, pedindo uma salda de palmas para as minhas confreiras e confrades, agora titulares e imortais desta Academia de Letras e Música.

Muito, muito obrigado.
Leon Frejda Szklarowsky.:
Brasília, 5 de dezembro de 2000
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