Quando é época de eleição
Político corrupto fica bem educado
Ele entra em qualquer casebre
Carrega no colo menino melado
Abraça bêbado que está caído
Na calçada, todo molhado.
Se a eleição é em ano de seca
Tudo muda de figura
Ele oferece ao agricultor
Foice, farinha e rapadura
Feijão-de-corda, com gorgulho
Para ser cozido sem gordura.
Troca votos por sacos de cimento
Dentadura, enxada e machado
Por algumas horas de trator
Para limpar o terreno do roçado
Oferece transporte, e caixão
Para quem vai ser sepultado.
Oferece carros- pipa
Para levar água ao interior
Oferece cestas básicas
Que humilham o trabalhador
Porém esquece da cisterna subterrânea
Que armazena água para o agricultor.
Ele esquece de ensinar a fazer feno
A cultivar a palma forrageira
Cultivar milheto e sorgo
Faze um barreiro trincheira
Fazer a ensilagem do capim
Armazenar a água da biqueira.
Ele esquece de construir escolas
Para evitar que em outros pleitos
O agricultor que aprendeu a ler
Saiba reivindicar seus direitos
Essa é a famosa indústria da seca
Que elege deputados, vereadores e prefeitos.
*João Birico Filho: é de Floresta-Pe.Nascido em 1951.Vítima em 1968 de uma doença neurológica, que o deixou paraplégico. Desde 1988 vive em uma cama. Aí aprendeu conviver com o seu imobilismo e foi iluminado pela poesia passando a fazer versos. Autor de três livros: Versos Rimados: uma janela para o mundo (1995); Gotas de Reflexão (1997) e Entre Flores e Espinhos (2000). Pede a quem quiser colaborar com ele, enviar um vale postal para o seguinte endereço: Rua Pereira Maciel, 147- centro – Floresta-Pe. Cep 56.400-ooo. Em contrapartida ele envia algum dos seus livros.