Baticumbum, baticumbum, baticundun. Ô que vida boa ôlerê, ô que vida boa ôlará, o estandarte do sanatório geral vai passar (bis). . . São reis, rainhas, princesas e príncipes, personalidades históricas reproduzidas através da ilusão das fantasias. É a oportunidade do povão se declarar, ele também, portador dos atributos das personagens caricatas, plagiadas nas caraminholas das “Marquês de Sapucaí”, país afora.
Vamos todos sambar e sair interinamente fora do estresse da vida real. Nesse período Momo reina: não tem choro, nem vela nem fita amarela gravada com o nome dela. Não é uma pessoa real que bate as botas, é a realidade mesma, em sua amplitude, esnobada, principalmente pelas secretarias dos bicheiros, dos banqueiros que lavam o dinheiro do narcotráfico e são os todo poderosos chefões de partidos políticos. Lá estão na Marquês, os garis vestidos de príncipes da sociedade colonialista, que durante o ano inteiro catam o lixo fedido das corporações nacionais e multinacionais cromagnon.
É preciso esquecer (ou lembrar?) que o país, enquanto individualidade, inexiste. Um país que deve quantias fabulosas em dólares, não pode ser considerado autônomo em nenhuma instância de sua realidade financeira, econômica, política, social. A cultura é uma cultura da fantasia, da alegria artificial, todo o pessoal de cabeça feita, tanto os da galera que desfila, como os dos camarotes que dançam e olham. A festa maior é a das instituições históricas da sociedade, comandadas pelos banqueiros do narcotráfico, e pelos especuladores das instituições financeiras com os juros globalizados.
É preciso que a alienação saia às ruas de salto alto e saias. A sociedade mostre-se como realmente é, e não como, pelos resto do ano, vai simular ser. A falta de identidade, pessoal e coletiva, flui nas ruas exultantes de fantasia. A ilusão do folião padrão de ser tudo e todos ao mesmo tempo que é apenas um João Ninguém.
Esquece-se provisoriamente que o país deve o que não tem, nem nunca terá para pagar. O país inadimplente congênito, devedor crônico, como pode ter uma cara séria na realidade dos finalmentes da política e da economia? Na realidade do dia a dia do pão nosso de cada azia por conta da má digestão das contas a pagar, do mês sempre sobrando muito, depois do salário do faz de conta, do carnaval. O samba do crioulo doido ganhou as ruas e avenidas do país. A Bahia dos trios elétricos carnavalescos, o Recife dos baticubuns dos frevos, Pernambuco, bucobucobum, baruburucumbun. Teresina, imitando a Bahia, terra da feliz cidade. É tuuuuudo alegria. Os trios elétricos, as micarinas. Não fosse a farsa do carnaval como aturar a desgraça social?
A festa popular mais espetacular do planeta globalizado pela caceta (ou é casseta?) do Fundo Monetário Internacional: Ô que vida boa olerê, ô que vida boa olará, o estandarte do sanatório geral vai passar. . . (bis) na terra da ilusão de felicidade, fantasiada de animação, aleluia, hilaridade.
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