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Artigos-->O IMPRÓPRIO NOME PRÓPRIO -- 03/11/2006 - 22:01 (Francisco Miguel de Moura) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O IMPRÓPRIO NOME PRÓPRIO





Francisco Miguel de Moura*

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Não é o nome que faz a pessoa. Esta, sim, é que faz o nome. Quando pode. Às vezes há nome que atrapalha a construção da personalidade, de tão esquisito, feio, anormal ou imoral. Presta-se comumente a galhofas e zombarias. Nas relações humanas nos deparamos com situações embaraçosas por causa do nome. Muitos acontecem à revelia da vontade dos pais ou do declarante junto ao Cartório de Civil, por ignorância, surdez ou analfabetismo, tanto daqueles quanto dos Oficiais do Registro. Mas outras vezes foram dados por capricho ou vontade extravagante do pai, da mãe, ou de quem declarou tais nomes e sobrenomes desusados, inventados sem critério. Essas esquisitices tendem a tornar-se folclóricas, dignas de riso. Lembro de um Cel. da Polícia Militar que tinha o nome de Alexandre Bispo de Alexandria. E se ele não fosse católico nem gostasse de padres e bispos? Pelo menos era um nome decente. Um bancário teria sido registrado com o nome de Pedro Pierre Brasileiro Neto. Esses até que não calham tão mal. Mas outros como Antônio Buceta Agudim, Antônio Morrendo das Dores, José Veado Prematuro, Comigo é Nove na Garrucha Trouxada, Himineu Casamentício das Dores Conjugais, Joaquim Pinto Molhadinho, José Xixi, Otávio Bundasseca, Sansão Vagina, Última Delícia do Casal Carvalho, são simplesmente depreciativos, pra não dizer que qualquer pessoa de bom senso os repugnam. Já Um Dois Três de Oliveira Quatro, Simplício Simplório da Simplicidade Simples, Abrilina Décima Nona Caçapavana Piratininga de Almeida e os quilométricos como Carlos Alberto Santíssimo Sacramento Cantinho da Vila Alencar da Corte Real ou Benedito Frôscolo de Almeida Aimbaré Militão de Sousa Baruel de Itaparica, Nossa Senhora da Cacundela! Não são apenas dificultosos, indecoráveis como indesejáveis e só reconhecidos como curiosidades, as quais se encontram armazenadas às carradas na internete.

Na literatura, se bem pesquisada, se encontrará muito desse folclore de personagens e figurantes. Nilto Maciel, no seu livro “A Leste da Morte”, conta a história do casal Aníbal e Bárbara. Aníbal gostava muito de livros de guerra e história geral, mas a cada dia imperceptivelmente ia ficando de mente perturbada. Começou, a contragosto da mulher, a registrar os nomes dos filhos de maneira estranha: mesclando sílabas de Aníbal e Bárbara, os pais. Tudo bem. Mas os dois primeiros criados resultaram em Baribal e Aníbara. Na escola começaram a chamar o menino de Bari, Bariba, Barbal, e à menina por Nibra ou Víbora. E se deram mal.

No folclore caboclo há a história de uma mulher que foi batizar a filha na cidade, ainda sem saber que nome lhe dar. Na roda de batizados ouviu as crianças chorando, mas prestou mais atenção ao que o padre falava:

- Qual é o nome de seu filho?

- “José”. - E o padre providenciava o sacramento:

- José, “eu te batizo em nome do Pai, do Filho de Espírito Santo”.

As seguintes respondiam à pergunta do padre, de per si: Joaquim, Sebastião, Juvenal... Para as meninas: Maria, Urçulina, Mafalda... No meio da roda, uma declarou com voz imperiosa:

- O nome de meu filho é Leão, senhor pároco.

- Leão, Eu te batizo...”

Finalmente chega a vez da mulher que viera do fundo do sertão.

- Qual o nome de sua filha?

- Onça! O nome de minha filha é Onça, seu padre.

- Mas, minha filha, onça é nome de bicho. Diga outro? – apressou-a.

- Leão também é nome de bicho e o senhor aceitou batizar porque é filho de rico – contrapôs a mulher.

O padre lhe disse que ia batizar sua filha com um nome lindo, o nome de Maria. A mãe sentiu-se ofendida e descontou no registro do Cartório. Ali, ao nome dado pelo padre, a mulher acrescentou Onça Rainha da Mata. Portanto, a filha ficou com o nome de Maria Onça Rainha da Mata.

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*Francisco Miguel de Moura, escritor, mora em Teresina, PI.



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