As campahas eletivas que ora assistimos (que acabamos de assistir, melhor dizendo) parecem orientar-se por lógicas fundamentadas em parâmetros um tanto ambíguos.
Não resta qualquer dúvida de que num país com território tão vasto como o Brasil, com diversidades de interesses populares motivadas pelas variedades de culturas, de climas, de desenvolvimento e outros aspectos mais, deverá resultar na adoção de uma política diferenciada para cada uma dessas diversas regiões.
A campanha política para a escolha do próximo presidente, que acaba de terminar, notabilizou-se, em ambos os pólos partidários, em não dar relevância aos aspectos aqui citados. Embora ambos os candidatos tenham mencionado algumas vezes os nomes de organismos regionais, como SUDAM e SUDENE etc, deu para se perceber com clareza que tais vocábulos estavam a ponto de serem banidos de seus dicionários. Tais organismos foram citados apenas por foça da expressão política. E ainda: as etnias {embora praticamente se negue a existência de etnias no Brasil, mas elas existem e têm interesses diversificados}, sequer são mencionadas pelos candidatos, bem como as diferentes classes sociais.
Contudo, o que mais se assistiu ao longo desses quase trinta dias de campanha no segundo turno, foi a afirmação bem patente de um país dividido em dois setores: São Paulo e o Brasil, ou seja, os dois candidatos digladiaram-se como se São Paulo fosse um país e o resto do Brasil outro. O candidato-presidente fez questão de conceituar o estado de São Paulo como uma nação, a qual não pertence à Federação brasileira. E, por incrível que pareça, o candidato opositor aceitou a definição. Os problemas da nação brasileira foram discutidos como se ela fosse bipartida, como se o atual presidente nada tivesse a ver com os problemas do estado de São Paulo.
O que nos resta saber é se Lula (provável vencedor da eleições) vai governar um Brasil bipartido, até por que S. Paulo será governado por um grande adversário político seu. Brasil e S. Paulo ou os dois em um só?