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Artigos-->O dia seguinte às eleições -- 26/10/2006 - 11:49 (Délcio Vieira Salomon) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A análise de Ruy Fabiano, jornalista vivido e analista político merece ser lida e servir de preocupação de todos nós, eleitores ou não de Lula.





GUERRA CIVIL, uma hipótese que deve ser analisada







Assunto: Prepare-se para a Guerra Civil.



Dossiê prepara crise de governabilidade



Ruy Fabiano



Um pouco de futurologia política: qualquer que seja o desfecho das eleições - Lula vencendo ou Lula perdendo -, o dia seguinte será de crise. Não uma crise qualquer, mas crise aguda, profunda, que colocará em confronto os dois segmentos políticos mais fortes do país. De um lado, o PT e seus aliados; de outro, PSDB, PFL e afins.



O dado novo, que elevou enormemente a temperatura política do país, é o escândalo do dossiê contra José Serra. Se a maioria do eleitorado não tiver, a tempo, a percepção de seu significado e mantiver o voto em Lula, haverá um terceiro turno a partir da posse.



A oposição não lhe dará descanso, inundará o Congresso de CPIs, ressuscitando casos anteriores e apresentando novos. Dessa vez, não terá, como é óbvio, a parvoíce de evitar o processo de impeachment. Será o tudo ou nada.



Sabe-se que é possível eleger-se à revelia da classe média e dos formadores de opinião, mas não é possível governar sem eles. O povão elege, mas não dá governabilidade. Getúlio Vargas, em 1950, e Fernando Collor, em 1989, deixaram isso bem claro.



Mas voltemos ao ponto. Se, inversamente, o eleitorado perceber a gravidade desse novo escândalo, urdido e executado por gente da copa e cozinha do presidente da República e da cúpula do PT, a vitória de Alckmin acenderá o pavio dos chamados movimentos sociais. Lula porá seu bloco na rua, como ameaçou na ocasião em que a Ordem dos Advogados do Brasil examinava proposta de impeachment contra ele, que acabou arquivada.



Uma pequena amostra do que significa esse "bloco na rua" foi dada pelo MLST em junho passado, quando invadiu a Câmara dos Deputados e promoveu um quebra-quebra sem precedentes na história do Legislativo brasileiro.



Nem os militares, ao tempo da ditadura, quando fecharam o Congresso por três vezes, fizeram nada parecido. O MLST, sustentado por verbas federais, é comandado por Bruno Maranhão, amigo de Lula, que já o recebeu em audiência e o hospedou na Granja do Torto. Bruno está solto e não responderá a processo, não obstante a gravidade do que fez. Detalhes.



O acirramento dos ânimos na campanha inviabiliza, pelo menos num primeiro momento, a tal concertação política de que falava o ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, reportando-se ao pacto político selado no Chile após a era Pinochet. Antes ao menos de "concertar", haverá muita coisa ainda a ser quebrada.



O dossiê era uma tentativa de "melar" (para usar uma expressão cara a Lula) não apenas a candidatura de José Serra ao governo de São Paulo, mas de inviabilizá-lo para a sucessão presidencial de 2010, pelo vexame moral a que seria submetido. Serra, inclusive, está na obrigação de vir a público, exibir o material que constaria do dossiê e explicá-lo. Seu nome, como disse o presidente da OAB, Roberto Busato, foi, de qualquer forma, lançado numa zona de sombras. Em Direito, o ônus da prova cabe a quem acusa, mas em política, nem sempre: freqüentemente, é o acusado que precisa dar satisfações, independentemente das sanções penais que caberão aos que o acusaram, sobretudo quando, como é o caso presente, se valeram de métodos criminosos.



O dossiegate fez com que os analistas buscassem analogias da situação de Lula com a de Getúlio Vargas, em 1954, e com o Watergate, de Richard Nixon, em 1974. Há de fato semelhanças com ambos os casos, mas a crise futura embutida nas circunstâncias se prenuncia mais profunda.



No caso de Vargas, o suicídio é um dado singular, que superdimensionou a crise. Sem ele, a sucessão dos acontecimentos seria mais simples: Vargas seria deposto, sem maiores comoções populares. A população, quando foi sacudida pelo impacto de sua morte, já se manifestara criticamente a seu

governo.



Dias antes do suicídio, impulsionada pelo noticiário da morte do major Rubens Vaz, da Aeronáutica, a multidão, inversamente, depredava jornais getulistas e pedia sua queda. Vaz, como outros colegas seus, da Aeronáutica, fazia segurança voluntária a Carlos Lacerda, cuja morte estava sendo tramada de dentro do palácio do Catete à revelia de Vargas. Gregório Fortunato, chefe da segurança pessoal de Vargas, contratou dois pistoleiros para matar Lacerda, mas a bala acabou matando o segurança, o major Vaz.



Com o suicídio, Vargas inverteu o posicionamento da opinião pública e adiou em dez anos o golpe militar conservador que estava prestes a se consumar. Na hipótese de um segundo governo, Lula pode ser levado a uma situação de pressão moral semelhante à de Vargas, com os escândalos que o cercam sendo apurados em CPIs. O que o diferencia de Vargas é que este, de fato, não sabia o que estava sendo tramado pelo chefe de sua segurança.



No caso de Lula, os "gregórios fortunatos" são múltiplos (Freud Godoy, Jorge Lorenzetti, Osvaldo Bargas, Ricardo Berzoini etc.) e os sinais de que o presidente não estava alheio a eles também.



Já a semelhança com Nixon é mais direta. O desvio ético fatal ao presidente norte-americano foi, tal como agora, um episódio de espionagem política. O público não teve a percepção imediata do dano moral ali implícito e o reelegeu. No curso do mandato, no entanto, as vísceras do processo foram sendo expostas - na mídia e no Congresso - e o impeachment tornou-se inevitável. O resultado todo mundo conhece: Nixon, vexado, teve que renunciar para evitar o papelão histórico da deposição - a primeira da

história de seu país em tal circunstância.



No caso de Lula, se isso ocorrer, teme-se a agitação social. Afinal, há distinções bem nítidas entre o Brasil de hoje e os EUA dos anos 70. Quem viver, verá.





Ruy Fabiano



Jornalista, com curso de extensão em Ciência Política. Passou por algumas das principais redações do País: TV Tupi, O Globo, Última Hora, Editora Abril, Revista Visão, Gazeta Mercantil, Correio Braziliense e Agência Estado. Há 22 anos cobre a área política em Brasília. Foi, durante oito anos, colunista político diário do Correio Braziliense e da Agência Estado. Atualmente exerce a função de consultor político.





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