O AMANHECER LÁ NA ROÇA
Moacir Rodrigues
De vez em quando a gente ouve uma dupla sertaneja cantando uma música cuja letra descreve de forma muito simples e perfeita o amanhecer lá na roça. Efetivamente só quem conhece por ter nascido lá, como é o meu caso, ou por freqüentar o sertão é que sabe descrever a beleza do amanhecer e por que não dizer também o anoitecer. Eu particularmente, apesar de achar lindo o pôr-do-sol, prefiro o amanhecer. Talvez seja pelo fato de já ter passado uma noite na escuridão ou mesmo dormindo, a manhã me traz mas satisfação interior. Fico imaginando que vários fatores contribuem para a beleza proporcionada pela manhã na roça, que vou tentar aqui enumerar: o canto dos pássaros, o canto dos bichos como os grilos, cigarras, o sol cor de gema de ovo furando as nuvens, a vaca mugindo, o bezerro berrando, o galo cantando, a galinha festejando com o seu caracacá e, ainda, o cheiro da relva ao ser aquecida pela luz solar e assim por diante. Nos currais os retireiros amarrando as vacas e as respectivos bezerros para proceder a ordenha não deixa de ser mais um ritual interessante do amanhecer. Só mesmo o poeta ou aquele que vive esse quadro tem condições de retratar a beleza do amanhecer do meu sertão. Como hoje vivo na cidade grande, de onde retiro o sustento de minha família, mesmo que queira não consigo esquecer aquele quadro proporcionado pelo amanhecer da minha terra, que permanecerá no meu coração para sempre.
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