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Artigos-->Delmiro Gouveia -- 20/10/2006 - 11:03 (Paulo Maciel) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Delmiro Gouveia



“Manoel Rodrigues: água vai custar, ,mas luz da cachoeira , boto logo aqui em Santana (Santana do Ipanema). Seu descaroçador de algodão vai ser eletrificado”

Delmiro Gouveia, em 1912, para seu

amigo, o cel. Manoel Rodrigues.



Depois de trinta e quatro anos voltei a ler o livro “Delmiro Gouveia, um pioneiro de Paulo Afonso”, de autoria de Tadeu Rocha, editado pela Universidade Federal de Pernambuco (1970).

Quando a gente é mais jovem não aprecia devidamente a importância das coisas e pessoas. Na maturidade, com muito mais experiência, tudo fica mais nítido. Pode-se avaliar melhor a ação dos homens na perspectiva do tempo.

No caso de Delmiro Gouveia recordo que a impressão que me restou foi a de uma espécie de aventureiro, um destemido sertanejo que conseguiu realizar a proeza de construir uma pequena hidroelétrica nos sertões da Bahia.

Somente agora, efetivamente, me dou conta da dimensão humana e empresarial desse extraordinário nordestino que, bastardo, nascido muito pobre em vila do interior do Ceará, nos idos de 1863, numa casa de vaqueiro na Fazenda Boa Vista, na vila de Ipú, alcançou fama, prestígio social, importância política e riqueza que o nivelam ao Barão de Mauá, provavelmente o maior empresário brasileiro.

Aventureiro é tudo que Belmiro não foi!

Muito ambicioso, inteligente, cedo descobriu seu pendor para o comércio. Havendo conseguido inicialmente empregos modestos, de bilheteiro da “mexambomba” (carruagem de estrada de ferro), de caixeiro despachante e ajudante de despachante, logo transferiu-se para o negócio de compra e venda de peles de bode e carneiro, denominado de “courinhos”.

Nessa atividade logrou grande destaque, passou a sócio de empresa e voltou-se para a exportação de “courinhos”.

Sua vocação empresarial levou-o a construir no Recife, onde então morava, um grande mercado público (“Mercado do Derby”), com 128 m. de comprimento e 28 de largura, suficiente para caber 264 compartimentos, servidos de água e esgoto.

Em pouco tempo Belmiro Gouveia transformou-se no homem mais elegante, importante e rico de Pernambuco, um expoente da sociedade recifense, que realizava por ano várias viagens à Europa.

Em virtude de perseguições políticas foi morar perto de Paulo Afonso, na vila de Pedra, estado de Alagoas.

Nessa região iniciou as atividades de pecuarista, com fazendas de criação de gado vacum, de caprinos, ovinos e suínos, onde começa a experimentar melhoramentos genéticos através da importação de matrizes resistentes ao clima da caatinga.

É ele também quem introduz uma forrageira, a palma, que planta em suas terras.

Mas foi o conhecimento da cachoeira de Paulo Afonso que lhe despertou o sonho de utilizar suas águas para a produção de energia elétrica.

Com visão de estadista e o pragmatismo de empresário reúne recursos, traz técnicos do exterior e constrói a primeira usina geradora de energia do Nordeste brasileiro. Em janeiro de 1913 água e luz chegam à sua vila de Pedra, anos antes que a maior metrópole da região, o Recife, possuísse esses serviços.

Pouca gente sabe que Belmiro Gouveia foi também um pioneiro na adoção de políticas que reconheciam a dignidade dos operários de suas fábricas. Tal como Luiz Tarquínio, na Bahia, construiu uma vila com mais de 250 casas para seus empregados, com água corrente e luz, contratou médico e dentista, implantou 4 escolas e uma espécie de caixa de previdência. Todos trabalhavam em regime de 8 horas diárias, com direito a repouso semanal remunerado.

Foi ele quem também construiu, com seus próprios recursos, mais de 500 km. de estradas, ligando sua vila de Pedra às principais cidades da região, entre elas Paulo Afonso (Ba), Garanhuns (Pe) e Quebrangulo (Al).

Esse grande patriota, que se antecipou mais de 40 anos à exploração econômica das quedas do rio São Francisco, um dos maiores empreendedores do país, não tem o reconhecimento que tanto merecia de nossa região.

Há quem diga que se Delmiro Gouveia tivesse nascido nos Estados Unidos, em cada federação das indústrias haveria um busto seu.

De minha parte anoto que se fosse americano nosso herói teria sido personagem de filmes de época e de farta literatura.

Nasceu brasileiro, fica no esquecimento!

20/10/06









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