Quando cheguei à Brasília, a cidade já não era inóspita. Podia-se viver bem aqui. Já era uma cidade de verdade. Com apenas quinze anos, foi capaz de tamanha proeza. Imagine, daqui a meio século ou a um século.
Minha família, a princípio, estranhou. Quase chiou. Hoje, nenhum deles quer sair daqui. Nem por decreto. Adoram a cidade, o verde, o céu azul, o horizonte, substitutivos do mar que não temos. Ah, mas JK deu-nos o lago, agora poluído, mas que fazer? É verdade que a cidade está ficando grande demais, crescendo muito, fazendo inveja a outras capitais com seus problemas. Está irreconhecível, com seus prédios modernos e estilo moldado na própria imensidão, especialmente, no setor comercial e hoteleiro norte. Contudo, ainda continua jovem e acolhedora.
Quer saber o que mais me agrada olhar? Todos os dias, passo pela ponte, que dá para o Gilberto Salomão, e jamais me canso de fitar o horizonte e o lago e, ao longe, as lindas casas, verdadeiras jóias arquitetônicas, que se desenham, como pequenas moradas de bonecas. Não sei porque, fazem-me lembrar as ilhas gregas, que despontam ao longo do mar Egeu. À noite, então, a vista de quem vem do lago para o Plano Piloto ou diria, de maneira mais prosaica, para a cidade, é simplesmente, maravilhosa, para ninguém, botar defeito. Ai de quem o fizer!
E a Ponte JK desponta como verdaeira jóia, a fazer inveja à ponte Rio - Niterói ou àquela não menos linda que ornamenta Floripa.
O Pontão do Lago Sul é mais um local que faz de Brasília a mais bela e encantadora cidade do cerrado.
Romântica e arrebatadora.
Adoro também ouvir os pássaros e as cigarras que cantam, o tempo todo, ao lado da janela do meu gabinete, onde passo a maior parte do tempo, escrevendo, lendo, descansando ou apreciando as árvores e as flores que rodeiam meu apartamento. Faz inveja, sim senhora, aos campos e aos mares de outras plagas. |