Pois é, pasme! O que lhe vou contar parece história da carochinha, mas é verdade, a pura verdade. Acredite, se quiser. Eu ainda não era nascido, nem havia sido encomendado. Meus pais esperaram longos cinco anos, para fazê-lo, com maestria. Logo que chegaram ao Brasil, ou melhor, a São Paulo, nos idos de 1928,abriram, como não poderia deixar de ser, uma pequena loja (uma lojinha ou a gisheft, em iidish), na Rua XV de novembro, em pleno centro velho. Imagine que glória. Mas, logo em seguida, mudaram-se para o Brás, na Avenida Celso Garcia, e lá também tinham uma loja de “ropas féitas, sénhorr!
Viviam uma vida folgada. Nada por que se queixar. Tinham muitos amigos, os correligionários da velha Europa. Alguns até da mesma cidade. Não havia uma noite que não proporcionassem ricos jantares para os amigos, regados com boas gargalhadas e conversas agradáveis. Todos estavam felizes.
Na realidade, assemelham-se, em tudo, às festas e jantares que ocorrem em Brasília, desde os primeiros tempos, e atualmente com muito mais intensidade, onde se reúnem amigos, parentes, colegas, políticos, magistrados, executivos, intelectuais, escritores, poetas, juristas, médicos engenheiros e empresários, numa perfeita camaradagem, não havendo distinção nem discriminação de qualquer espécie. Tudo é pretexto para essas reuniões.
A comida, com rico e delicioso cardápio, é acidente, porque o que vale mesmo são os papos afortunados, os reencontros e as conversas informais, mas nem por isso menos importantes. Dali, podem sair as grandes decisões.
As embaixadas também são centros notáveis de encontro, sem falar nos restaurantes, bares, churrascarias e cantinas, especialmente preparadas para esse fim.
Brasília, como se vê, já é uma cidade civilizada, comparável às grandes capitais. Que o digam os diplomatas.Que o digam seus felizes habitantes.
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