Se um coração sangra e é um coração feminino, certamente é de amor.
As mulheres tem a capacidade de sangrar, de fazer hemorragias belas e dolorosas, mas também de alagar o cotidiano com essa coisa do amor que transforma, um amor que rejuvenesce, que transcende, que torna a vida esse caminho digno, de luta.
Eu também poderia falar dos homens que sangram.
Mas é que sangrar é uma coisa tão feminina, tão do coração das fêmeas, das suas veias, do seu útero, das suas palavras.
Muitas mulheres sangram silenciosamente.
Outras, sangram como Graça, "parafraseando Bandeira:
"Meu voto é sangue, volúpia ardente,
Tristeza esparsa, remorso vão,
E todo dia, amargo e quente
Cai gota a gota do coração"
Faço essa homenagem a Graça Lins, que fala do presidente operário com uma sabedoria de quem sabe a alegria cansada de um tanto de gente que adoça sua vida com coisas simples - uma lâmpada que é mais que o luxo de assistir a TV.
Coisa simples, energia elétrica pra moer a cana e fazer ração pra uma vaquinha pra tirar o leite.
Coisa que a gente nem imagina que possa existir.
Gente que lembra de um pequenino Moisés morto num incendio numa barraca de lona, nos idos de 1996 e que só agora, dez anos depois, tem sua morte resgatada pelas casas dignas que sua gente está conquistando, no governo do Presidente Operário.
Com P maiúsculo e com muito respeito, Graça.
Tem razão, a Graça.
Nosso coração sangra em estrelas e nosso voto cai gota a gota do coração.
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