Usina de Letras
Usina de Letras
290 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62165 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10449)

Cronicas (22531)

Discursos (3238)

Ensaios - (10349)

Erótico (13567)

Frases (50574)

Humor (20028)

Infantil (5423)

Infanto Juvenil (4754)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140790)

Redação (3302)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1959)

Textos Religiosos/Sermões (6182)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Artigos-->GRITO DE SALVAÇÃO -- 25/09/2006 - 16:08 (Délcio Vieira Salomon) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
GRITO DE SALVAÇÃO





Délcio Vieira Salomon







O episódio do abandono da criança de três meses nas águas da Pampulha em Belo Horizonte, por insólito e trágico, causou profunda comoção em todos nós.



No meio das grandes catástrofes, dos atos terroristas e atentados que já viraram rotina, em nossos dias, este fato aparentemente isolado repercutiu dolorosamente até no exterior.



Um detalhe me pareceu de tal relevância que merece de todos nós reflexão e ilações como autêntica lição de vida: o choro da criança.



Mais do que choro, grito que foi a razão de sua salvação. Se ela não gritasse não seria vista E não sendo vista, a possibilidade de salvação - o mesmo que a esperança de vida ou sobrevivência - não teria acontecido.



A natureza nos dotou do poder gritar em momentos de desespero, ou melhor, nos dotou da força de bradar, para manifestar a nossos semelhantes nosso próprio desejo de viver, de mudar ou de sair de uma situação, seja desesperadora, aflitiva ou simplesmente constrangedora.



Está aqui lição a colher do comovente episódio.



Corre na Internet alerta do notável escritor João Ubaldo Ribeiro diante da morte da esperança que o governo Lula provocou na nação brasileira. Merece ser lido por todos.

Lamentavelmente Lula institucionalizou mais do que Sarney, Collor ou mesmo FHC, a esperteza como virtude política. Foi assim que nos matou a esperança de tudo mudar.



Segundo João Ubaldo, desde Collor “ser esperto e ficar rico da noite para o dia passou a ser virtude mais apreciada do que formar família, baseada em valores e respeito dos demais”.



Com Lula, além de manter a herança maldita de governos sem escrúpulos, implantou-se “a indústria da farsa, da desculpa e da estupidez”.



Por outro lado, ao culpar-nos, a nós, por sermos a “matéria prima” de toda a safadeza dos políticos, por causa da falta de educação do povo brasileiro e por não sabermos votar, João Ubaldo mostra que a escalada é de ir de mal para pior, ou seja de sairmos de um governo ruim para outro pior. Nada vai melhorar, se não renovarmos, em forma de revolta, o grito de esperança por Lula sufocado.



Ao pensar que foi o grito que salvou a criança fadada a morrer afogada, sou levado a engrossar o alerta de João Ubaldo: também a nós náufragos de um projeto de renovação engolido pelos vagalhões da desfaçatez, só nos resta gritar, protestar, romper com o “status quo”, ainda que isso venha a significar mover as montanhas da utopia.



Somos desafiados a não morrermos de inércia e estagnação. Segundo Frei Beto e alguns outros resignados, resta-nos a alternativa de escolhermos políticos não comprometidos com o esquema implantado desde Collor até Lula. Entretanto, repassando o quadro político, constatamos que a safra infelizmente esgotou.



Não encontramos nome algum que possa nos convencer de não estar engajado, de fato ou com grande probabilidade, no bloco da corrupção.



Fica, então,a saída apontada magistralmente por Saramago em “Ensaio sobre a lucidez”: o voto nulo. Em momentos como o que estamos vivendo, semelhante ao retratado pelo ficcionista, o voto nulo representa o poder de “obrigar o sistema a mudar”. Como lembra o autor, na ocorrência do “surgimento de um vazio de poder, resta o poder da rua”, democraticamente expresso na abstenção do voto ou do voto nulo.



Só por inconfessável conveniência ou comprometida conivência, há de se negar que no Brasil atual, se não há vazio de poder, há algo pior que isso: um poder cheio de hipocrisia e de excesso de narcisismo, de individualismo e de egocentrismo.

Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui