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Artigos-->O silêncio incômodo da esquerda-direita PSOL -PDT -- 18/10/2006 - 01:34 (Janete Santos) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
De: Glorinha

Para: Janete Santos

Assunto:A privataria pegou pesado em São Paulo

A privataria pegou pesado em São Paulo



Elio Gaspari



Lula exagera, mas não mente quando vincula Geraldo Alckmin à

privataria que torrou R$ 200 bilhões do tesouro da Viúva entre 1995 e

2002. Dois lances recentes, ocorridos em São Paulo com o patrimônio

da índia Bartira, indicam que os privatas se aninharam na

ekipekonômica que o candidato do PSDB deixou na administração do

Estado. Uma, a privatização de 20% do banco Nossa Caixa, foi

cancelada há duas semanas, na boca da pequena área, pelo governador

Claudio Lembo.



Destinava-se a recolher R$ 1 bilhão no mercado para calafetar contas

públicas. A outra aconteceu há quatro meses, com a venda de um pedaço

da Cesp. Anomalias típicas da má gestão: queimar propriedades para

cobrir buracos. Nas palavras de Noel Rosa: Vendeste o carro para

comprar gasolina .



Nos dois episódios, ocorreram fenômenos paranormais durante o

processo de privatização. Em geral, quando uma empresa lança ações no

mercado, elas sobem. Foi o que aconteceu com a TAM. Com a Cesp e a

Nossa Caixa, caíram. No dia em que se anunciou a venda do lote da

Cesp, elas estavam a R$ 24,11. Quando os papéis chegaram ao mercado,

valiam R$ 16,20. Um tombo de 32%. Com a Nossa Caixa, valiam R$ 47,36

no anúncio e, no dia em que Lembo salvou o gol, estavam a R$ 43,10,

uma desvalorização de 14%.



Ação sobem, ações caem e a vida segue. Se a Cesp e a Nossa Caixa não

encontravam quem pagasse mais pelos seus papéis, problema delas. O

patrimônio de Bartira perdeu peso num período em que as casas

Bradesco, Itaú e Unibanco valorizaram-se 3%. Novamente, é o jogo

jogado.



Nas duas iniciativas do governo de São Paulo, deu-se um fenômeno

adicional. Depois do anúncio da operação, houve uma enorme demanda de

aluguel de ações da Cesp e da Nossa Caixa. É o tal do mercado a

descoberto, no qual um operador aposta na queda do valor de uma ação.



Coisa assim: aluga-se um papel cotado a R$ 100,00 por 90 dias,

pagando uma taxa de 5% ao ano. Vende-se a ação a R$ 100,00, coloca-se

o dinheiro em outro negócio (juros de 14% ao ano do Copom, por

exemplo) e espera-se. Se ao fim do contrato a ação estiver a R$ 90,00

ganha-se 10% sobre o investimento. Dinheirinho fácil.



Feito o anúncio das duas privatizações, ocorreu um surto de febre

locatária de ações da Cesp e da Nossa Caixa.



Quando não se falava no negócio, o mercado tinha 718 mil ações da

Cesp alugadas. Quando a transação foi concluída, as ações alugadas

eram 3,7 milhões, um aumento de mais de 400%. A mesma coisa aconteceu

com a Nossa Caixa. No dia do anúncio, as ações alugadas eram 400 mil.

Quando Lembo suspendeu a operação, havia na praça 1,7 milhão de

papéis alugados.



O mercado financeiro é muito mais complexo e menos demoníaco do que

parece ao ser observado pelo retrovisor. Mesmo assim, se alguém teve

a inspiração divina de alugar ações confiando e colaborando na queda

do valor dos papéis da Cesp e da Nossa Caixa, fez um bom negócio.

Admitindo-se que uma pessoa tenha apostado R$ 10 milhões em cada

privataria e tenha lucrado apenas a metade do que lhe foi

proporcionado pela queda das ações, faturou R$ 1,6 milhão com a Cesp.



No caso da Nossa Caixa, se as ações fossem ao mercado na cotação do

dia em que Lembo acabou com o jogo, a desvalorização teria rendido

uns R$ 500 mil. O feliz locatário teria ganhado R$ 2,1 milhão sem uma

gota de suor ou um ceitil de seu patrimônio. Só com uma idéia, e uma

fé.



Nos dois casos, quando a transação chegou ao fim, a febre locatária

baixou e o número de ações das duas empresas no mercado a descoberto

voltou ao normal. Os locatários das ações da Nossa Caixa micaram,

pois nos dias seguintes ao cancelamento da operação o papel subiu

17%.



Passada a febre locatária, as ações subiram de volta ao patamar em

que estavam.



Na privataria paulista, ocorreu uma mistura de oportunismo (vender o

patrimônio para calafetar contas públicas), astúcia (torrar um pedaço

de um banco no lusco-fusco do fim de governo) e onipotência (achar

que ninguém estava prestando atenção). Pelo menos na Nossa Caixa,

Bartira deve gratidão a Lembo.
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