Em dado momento, na tarde de 1º de outubro, chegou-se a imaginar que a velha máxima da polarização nas eleições do Rio Grande do Sul esteve para ser superada com uma nova formatação política.
É histórica e se tornou um chavão eleitoral a propalada polarização ou bipolarização das nossas guascas eleições. Essa dualidade remonta aos federalistas e republicanos, aos chimangos e maragatos e até no futebol sobrevivemos nesse pago com a polarização vermelho e azul da dupla Gre-Nal.
Recentemente o PMDB e o PT protagonizaram disputas que dividiram o estado e o voto dos gaúchos. O auge desses confrontos foi entre Britto e Olívio.
No final da tarde de domingo, durante a apuração, em alguns momentos havia o indicativo de que o segundo turno seria entre Rigotto e Yeda. Ou seja: PMDB e PSDB fariam o segundo turno. O PT estaria alijado do processo. Uma nova ordem estava se construindo com base no antipetismo. Mas essa falsa neopolarização durou pouco. Em seguida, Olívio Dutra superou o governador Rigotto e restabeleceu a histórica dualidade. Germano Rigotto foi o bom-moço dessa eleição e que, de certa forma, acabou pagando o pato por conta de uma estratégia de tirar o Olívio da disputa. Rigotto incorporou uma proeza em seu currículo de candidato a governador. Ganhou uma eleição que estava perdida e perdeu uma eleição que estava ganha. Coisas da política e de certos “intérésses”. Como diria Brizola. Mas ainda penso que para Rigotto faltou um candidato a presidente, que, aliás, não é culpa dele.
O Rio Grande tem uma tradição de respeito e fidelidade partidária. Os gaúchos não costumam reeleger governador e o novo é bem recebido. Aliás, essa eleição foi marcada pela renovação. Algumas velhas raposas não se elegeram e outras diminuíram fragorosamente a votação. E as novidades estão representadas pelo rosto bonito de Manuela D’Ávila do PCdoB e seu “E aí, beleza?” e pelo Homem do Tempo com sua irreverência.
Estabelecida a bipolarização, está fácil escolher os candidatos. Os projetos e as trajetórias de Olívio e Yeda são antagônicos. Temos, apenas, que escolher em que lado desses quadrantes nós estamos. Tão fácil como uma disputa entre chimangos e maragatos. Ou não?