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Artigos-->Boletim Médico - Primeiro Turno -- 09/10/2006 - 21:45 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


BOLETIM MÉDICO – PRIMEIRO TURNO

(Por Domingos Oliveira Medeiros)



O paciente BRASIL apresentou razoável melhora. Internado várias vezes na UTI, durante quase quatro anos, seu estado merecia cuidados especiais. Apresentava quadro de infecção bastante acentuado e, por isso mesmo, corria risco de vida. Desnutrido, desidratado, triste e desempregado, o paciente foi imediatamente internado na UTI. Descobrimos, de pronto, que o local onde reside é bastante inóspito: falta saneamento básico, água potável e a população ainda se defronta com o problema do desemprego. Desempregado, portanto, o paciente não tinha condições de alimentar-se direito. Sem condições de contratar plano de saúde, e sem dinheiro para dirigir-se ao hospital público, distante do lugarejo onde mora, aguardava pelo programa Fome Zero, anunciado com pompa, pelo governo, o que lhe garantiria - e à sua família - três refeições diárias. Mas o programa não chegou por lá. E o nosso BRASIL não teve outra saída: contentar-se em comer o pão que o diabo amassou. E para beber, a velha, suja e amassada caneca de alumínio, cheia de água barrenta, de um poça ou poça qualquer, imprópria para consumo humano e animal. A mesma usada para cozinhar, tomar banho, lavar roupa e, de vez em quando, ajudar no aparecimento de doenças. .



Internado, a equipe de plantão fez de tudo para salvá-lo, a despeito das dificuldades em razão da falta de recursos de toda ordem: financeiro, físico, material, pessoal, instrumental e até remédios. Até que chegaram as eleições. E eleição faz milagres. Na falta da droga original e mais adequada, o CRISTOVAELENA – 50 miligramas, usamos o genérico VOTOBEM - 45 miligramas, do Laboratório AlQUIMIN, de São Paulo. O remédio, ainda em fase de teste, apresentou considerável efeito preliminar. A febre e a ansiedade diminuíram bastante. O vírus “Mensalão” foi isolado. O hemograma indicava melhoras no quadro de anemia. Provavelmente em decorrência da redução da quantidade de vermes da família dos Sanguessugas. Melhoras, também, na série branca, sinalizando para a estagnação do processo infeccioso. O surto epidêmico, que ameaçava contaminar todo o Congresso Nacional - e grande parte do Palácio do Planalto -, de certa forma, estava controlado.



Os efeitos colaterais por superdosagem, em alguns casos, devido ao excesso de divulgação de dados confusos contidos nas bulas das pesquisas de opinião, cessaram após o dia 30 de setembro. No geral, o quadro mudou bastante. Da água para o vinho, contrariando todos os diagnósticos anteriores. O BRASIL passou a respirar sem o uso de aparelhos. A pressão e os batimentos cardíacos normalizaram-se. O paciente refere bom humor e dá mostras de esperanças por dias melhores. Em razão dos fatos aludidos, o paciente está de alta até o próximo dia 29 de outubro, quando deverá retornar ao hospital para repetir os exames objetivando identificar a nova dosagem do VOTOBEM ou outra droga similar disponível, que poderá ser o LULAPROMETIL, 13 miligramas, droga de gosto amargo, elaborada a partir de substância encontrada em sapos da Amazônia, e de efeito mais demorado, que, no entanto, teremos que engolir, atentando para o prazo de validade, posto que há o perigo de o mesmo vencer antes do tempo, por conta de falhas na guarda, manuseio ou negligência em relação ao uso da mesma.



Tudo isso, até que nova droga, mais potente seja descoberta e colocada à disposição da população. A equipe médica faz um alerta sobre a possibilidade de o sistema imunológico do paciente apresentar, ainda, sinais de enfraquecimento, segundo revelaram as pesquisas realizadas no Congresso Nacional, local onde transitam gente de todas as partes do país. Ali, foram detectados focos de bactérias, mais resistentes aos atuais fármacos, que evoluíram e voltaram ao cenário da Câmara e do Senado, com sérios riscos para novo surto, caso providências de caráter preventivo não sejam tomadas. O uso contínuo do mesmo remédio, por quase quatro anos ininterruptos de infecções por repetição, é apontado como uma das causas da ineficiência dos atuais antibióticos.



O trabalho dos cientistas ainda demandará algum tempo, razão pela qual se acredita que a nova droga não será utilizada ainda na legislatura que se finda. O mais provável é que o mesmo esteja liberado para consumo a partir de 2007. Até lá, todos correremos o risco de novo surto da doença. É preciso, portanto, manter a dosagem recomendada do VOTOBEM. E ficar de olho nos efeitos colaterais. Em caso de coceiras, irritação nos olhos, manchas na pele, diminuição da capacidade auditiva, visão turva, tonteira, bobeira ou esquecimento, procure imediatamente o médico. Na se omita. Denuncie. Não tenha medo.



Finalmente, lembramos que no caso de a nova droga não surtir o efeito desejado, restará, como último recurso, a retirada do órgão doente e infectado, pela via do transplante, para o qual, temos certeza, os poucos e sadios políticos daquela importante Instituição, o Congresso Nacional, não se furtarão ao nobre gesto de doação. Doação que será realizada com todos os cuidados pertinentes, entre os quais o de verificar se o doador possui órgãos compatíveis com as necessidades do paciente, se os membros da equipe que realizará o transplante estão regulares e preparados para o exercício da profissão, e se os doadores estão em dia com os registros insertos na caderna de vacinação contra os males causadores da infecção que ameaça a população brasileira, caso em que deverão ser afastados do convívio com seus pares, tão logo haja dúvidas em relação a qualquer incompatibilidade registradas nos exames a que deverão ser submetidos, permanentemente.











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