Amigos, penso que isso ajuda nossas reflexões sobre o momento atual... saudações... Janete Santos
UOL Eleições 2006
06/10/2006 - 12h58
Arrogância impediu vitória de Lula, diz FHC a jornal argentino
BUENOS AIRES (Reuters) - Além dos casos de corrupção, o que impediu a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no primeiro turno foi uma atitude arrogante diante de seu principal adversário na disputa, afirmou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso
Em uma entrevista publicada sexta-feira pelo jornal argentino La Nación, Fernando Henrique disse ainda que Lula não acompanha de perto o que acontece no governo e no PT porque "não tem paciência para os detalhes".
"Dentro do PT ele tem força e liderança interna, mas não se ocupa com o dia-a-dia. A verdade é que é de espantar a quantidade de pessoas de seu círculo que se envolveu em casos de corrupção", disse Fernando Henrique.
"Todo mundo pensava que os escândalos não o afetavam, que nada o atingia. Até que chegou um momento em que isso deixou de acontecer", disse o ex-presidente, sobre o escândalo do dossiê com acusações contra tucanos.
"A gente dele cometeu muitos erros ... Depois ele não foi ao debate, numa atitude um pouco arrogante. Também há que se admitir que nos últimos dias os meios de comunicação foram bem duros com Lula."
Ao longo da entrevista, o ex-presidente fez duras críticas ao estilo de governar de Lula, e disse que se o petista quiser continuar comparando seu governo com o dele, vai perder.
"O que os brasileiros estão elegendo agora é um estilo de condução. (Alckmin) é o oposto de Lula, porque é um tecnocrata que estuda os temas. Não é um improvisador."
O ex-presidente disse não acreditar que, se ganhar, Alckmin vá reduzir o alcance dos programas sociais, mas acha que ele vai avaliar se a forma como o dinheiro está sendo distribuído é a mais eficiente. "A única coisa que Lula faz é distribuir o dinheiro", afirmou.
Na entrevista, Fernando Henrique também fez comparações de estilo entre os líderes da região. Acusou Lula de elevar o gasto público e de não avançar nas reformas, mas admitiu que o petista não procurou a discórdia em seu estilo de governar.
"Lula não é de rupturas. Ele é um pouco um caudilho, com mais traços de peronismo que de chavismo. Mas Lula não é de rompimentos porque o Brasil não é de rupturas, nunca foi", concluiu.
